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Moradores do Rangel temem casos de cólera: Amontoados de lixo e águas paradas fazem cartão de visita da Rua “Suba-20” no Marçal

 Quem passa pela conhecida rua do “Suba-20”, no Bairro Marçal, no município do Rangel, em Luanda, depara-se com um cenário “arrepiante”, dominado pelo cheiro nauseabundo, devido a amontoados de lixo e águas paradas apodrecidas, onde os ratos, moscas, mosquitos, baratas e outros vermes, fazem moradora num autêntico perigo à saúde pública.

No local, a realidade é de um ambiente de insalubridade que atenta a vida, mas os moradores ouvidos pelo portal Rádio Angola, lamentam que “não encontram outra saída, que não seja conviver diariamente com os amontoados de lixo e as águas residuais, cuja administração local mostra-se “incapaz” para dar resposta e garantir melhor ambiente de vida aos munícipes do Marçal, em especial os da da rua do "Suba-20", no Rangel, que voltou a ascender à categoria de Município.

Conforme ilustra a imagem, o cenário segundo ainda os moradores, torna-se mais preocupante numa altura em que a província de Luanda se debate com registo de casos de cólera, que já resultaram em mortes de mais de 20 pessoas no conhecido Bairro Paraíso, no município do Cacuaco.

A cólera, uma infecção bacteriana aguda que causa diarreia e desidratação graves, continua a ser um problema de saúde pública em Angola. Embora tratável, a doença pode ser fatal em poucas horas se não for combatida adequadamente. Um dos principais factores que contribuem para a persistência e a propagação da cólera em Angola é a gestão inadequada do lixo.

Preocupada com a saúde humana, a organização dos direitos humanos, Friends of Angola (FoA), considerou recentemente que os amontoados de lixo existentes junto às instalações da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), na rua do "Suba-20", no Marçal, no município do Rangel, constituem um atentado à saúde pública e apelou às autoridades competentes para a sua remoção com urgência, mas até ao momento, de acordo com a FoA, a situação continua e com tendência a piorar.

Os moradores clamam por uma intervenção urgente com vista a remoção do lixo, que continua a amontoar-se, ameaçando a cada dia a saúde de centenas de famílias e milhares de consumidores da água tratada e distribuída pela Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL).

“A cólera é transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com a bactéria Vibrio cholerae. Em ambientes com saneamento precário e gestão deficiente de resíduos, a contaminação da água e dos alimentos torna-se mais provável”, referem os moradores.

Acrescentam que a acumulação de lixo a céu aberto cria um ambiente propício para a proliferação de vetores de doenças, como moscas e baratas, que podem transportar a bactéria da cólera para alimentos e utensílios domésticos.

“Além disso, as águas pluviais podem arrastar o lixo acumulado para fontes de água, contaminando-as e disseminando a doença”, afirmam.

A Friends of Angola entende que, “em Angola, a situação é agravada pela falta de infraestruturas adequadas de saneamento básico em muitas áreas, especialmente nas zonas urbanas mais pobres”, acrescentando que “a recolha irregular do lixo, a falta de sistemas de tratamento de águas residuais e a ausência de acesso à água potável segura criam um cenário ideal para a propagação da cólera”.

Em declarações à Rádio Angola, a população descreve que, por culpa dos amontoados de lixo, as patologias como o paludismo, malária, febre tifóide e doenças diarreicas agudas, têm sido constantes provocando várias vítimas mortais nos últimos dias.

Grito de socorro dos munícipes

Numa reportagem recente do portal Rádio Angola, os moradores lamentaram que na Rua Suba-20, a recolha do lixo é feita uma vez à outra, o que para eles, “justifica” a elevada quantidade dos resíduos sólidos nas ruas.

Para os moradores do “prédio dos soviéticos”, a situação “é cada vez mais lastimável, porquanto, para além do lixo, que tem produzido muitas moscas, mosquitos e vermes”, as águas paradas constituem a principal fonte de criação de mosquitos – vectores causadores de paludismo, malária, cólera e outras doenças.

A jovem Alia Ariadine, morador do Marçal disse à Rádio Angola que a situação está cada vez mais crítica, pois, “não está a dar para se ter uma vida condigna”, acrescentando que “o governo nada faz para resolver o problema, que já se arrasta há mais de um ano”.

Domingos Eduardo, outro munícipe do Rangel, afirmou que o lixo que tomou conta da rua próxima à entrada do “prédio dos soviéticos” constitui um atentado à saúde pública, uma vez que tem provocado várias doenças.

“Há vezes que ficamos sem ter onde passar na rua, a governação está mesmo mal, não vejo nada de melhor neste governo do Presidente João Lourenço”, disse.

Por sua vez, o coordenador do bloco-8 da comissão de moradores do bairro Marçal, no Rangel, Humberto Alexandre disse a este portal que a não recolha permanente está na base dos amontoados de lixo. “Estamos a viver uma situação difícil por culpa deste lixo, apesar da mobilização da população para a recolha do lixo, mas tem sido insuficiente”.

Disse que “o lixo e as águas paradas, é um perigo à saúde pública devido às doenças que têm sido notórias nesta fase do ano”. O responsável lamentou o trabalho que a ELISAL tem feito no seu quarteirão, que para ele, “tem sido ineficiente”.

O coordenador do quarteirão oito do bairro Marçal, referiu-se igualmente que as águas paradas estão justamente acumuladas nos locais onde passam as tubagens de água potável que tem sido consumida por centenas de famílias do Rangel.


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