Divisão administrativa: Cidadãos defendem que desenvolvimento e estabilidade social das províncias do Cuando e do Cubango dependem do investimento em estradas para possibilitar o fluxo populacional e a empregabilidade.
O Cuando Cubango foi uma das três províncias partidas pela Divisão Político-Administrativa (DPA) de Angola, a par do Moxico e de Luanda.
Com a mudança, Angola deixa de ter 18 províncias e 164 municípios e passa a ter 21 províncias e 326 municípios. Mas muitos cidadãos olham com ceticismo para as alterações.
Júlio Bernardino Biete integra o departamento de assistência social, estudo e
projeto da Igreja Evangélica de Angola (IECA) e participou da auscultação sobre
a divisão do Cuando Cubango. Defende que para se alcançar o sucesso que se
pretende com a divisão, que é aproximar e desenvolver o país, é necessário
apostar na construção de estradas:
"Eu conheço muito bem a província do Cuando (Cubango). Vivi ali por algum
tempo e a maior dificuldade desta província, agora designada por província do
Cuando, são as vias de acessos. Porque se esta não for a prioridade, acredito
que em nada valeria a sua divisão," avalia.
"Já que os propósitos são realmente de servir os angolanos, são os de
servir os cidadãos que lá estão e aproximar um pouco mais os serviços do
cidadão, então que seja prioritária a abertura das vias de acesso para que haja
maior fluidez dos residentes tanto de uma província como da outra - e assim
melhorar ou contribuir para a elevação do nível de vida," pondera.
Para o mais novo partido PRÁ-JA SERVIR ANGOLA, a Divisão
Político-Administrativa foi uma imposição do Governo. Mas o secretário
provincial, Amândio Kapoco, garante que a divisão não se vai adaptar à nova
realidade. O político está cético em relação aos objetivos da DPA:
"Será que a nova divisão administrativa vai ocasionar desenvolvimento? Vai
trazer resultados?" questiona.
"Eu ainda vejo que será mais de lapidar o erário novamente, como sempre nos
acostumaram. Se não houver uma real fiscalização, se a sociedade em si não
ajudar, então será sempre o que vamos assistir nos próximos tempos: relatórios
engordados. Mas a aplicação prática do desenvolvimento, duvido muito que
encontraremos," afirma.
O académico Nelito Kassuata aconselha ao governador do Cubango José Martins, já
em funções, que o seu mandato seja focado no desenvolvimento da província. Pede
ainda que deixe de olhar para os jovens académicos e para a sociedade civil
como seus adversários:
"Ele entrou com um bom lema 'Transformar e Desenvolver'. Então se quer
realmente transformar, tem que se alinhar, tem que ouvir a juventude. Porque é
a juventude que lhe vai ajudar a transformar a província e a desenvolver a
mesma," afirma.
"Esperamos um governador mais aberto à juventude, mais aberto à sociedade
civil, que a abrace e não olhe para os fazedores de opinião pública como
inimigos do partido MPLA," finaliza.
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