O comunicólogo e docente universitário Celso Malavoloneke levantou um ponto importante sobre a exclusão de pessoas com albinismo nos altos cargos de liderança em Angola. Em um comentário que gerou reflexão, Malavoloneke destacou a ausência quase total de pessoas com albinismo entre os membros do Executivo, parlamentares, juízes, procuradores, diretores provinciais e nas empresas públicas do país.
Segundo Malavoloneke, "dos mais de 600 membros do Executivo — incluindo o Presidente da República, Vice-Presidentes, Ministros, Governadores, Secretários do PR, Embaixadores, Secretários de Estado, Vice-Governadores, Administradores Municipais e seus Adjuntos — NENHUM É PESSOA COM ALBINISMO". Ele ainda recorda que, nos 50 anos de existência de Angola, apenas uma pessoa com albinismo ocupou algum cargo neste escalão.
A situação se repete na Assembleia Nacional, onde, entre os 220 Deputados, "NENHUM É PESSOA COM ALBINISMO", sendo que apenas dois deputados com albinismo passaram pela casa parlamentar ao longo da história do país, sendo um deles já aposentado e o outro falecido. No último mandato de 2022, não houve nenhum deputado com essa condição.
Em relação ao poder judiciário, Malavoloneke revelou que, entre milhares de juízes e procuradores da República, apenas uma juíza com albinismo ocupa uma posição no sistema judicial. A situação é igualmente preocupante no setor público, com apenas uma pessoa com albinismo entre quase 1.500 diretores provinciais e nenhum membro com albinismo nos Conselhos de Administração das empresas públicas.
"Caricatamente, não é porque as pessoas com albinismo tenham menos capacidades intelectuais que a média da população; pelo contrário, a falta de representação é uma clara questão de discriminação", afirmou o comunicólogo, que criticou duramente a marginalização dessa comunidade.
Malavoloneke ampliou a sua análise para a Igreja Católica, mencionando que, entre os milhares de padres e bispos que atuam no país, apenas um tem albinismo. O mesmo ressaltou que, em 500 anos de presença da Igreja em Angola, essa realidade continua a persistir.
Para o comunicólogo, o quadro atual não pode ser interpretado de outra maneira a não ser como discriminação. "Se isso não é discriminação, então que se arranje um nome mais bonito. Porque, para mim, é isso mesmo: discriminação", concluiu.
Este parecer de Malavoloneke vem à tona em um momento de crescente debate
sobre a inclusão e a diversidade no país, onde diversas vozes têm chamado a
atenção para a importância de promover um ambiente mais igualitário, onde todas
as pessoas, independentemente de sua condição, possam ocupar os mesmos espaços
de poder e decisão.
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