Angola assinalou, ontem, 12 de Janeiro, 42 anos de relações políticas e diplomáticas com a República Popular da China (RPC).
A efeméride representa,
para o analista de política internacional Almeida Henriques, a confirmação de
uma cooperação duradoura, mutuamente vantajosa e com benefícios recíprocos.
“Podemos dividir o histórico da relação entre os dois países
em dois grandes estágios: estamos a falar sobre o período em que Angola
alcançou a paz e procurava ter doadores ou parceiros. Na altura, solicitou uma
Conferência de Doadores, mas vários países ocidentais entendiam que Angola não
precisava dessa conferência, porque tinha capacidade suficiente para seguir em
frente e dar solução aos problemas que enfrentava”, disse.
Depois disso, o país recebeu a ajuda da China para a
reconstrução das infra-estruturas destruídas pela guerra.
O também especialista em Relações Internacionais esclarece
que a cooperação entre os países remonta ao período da luta pela liberdade dos
dois povos, assegurando ter sido após o ano de 2002, com o fim da guerra em
Angola, que as relações se tornaram mais reforçadas.
As perspectivas da relação com a China, acrescenta Almeida Henriques, estão destinadas ao sucesso, tendo justificado o optimismo com o facto de o país asiático representar um importante parceiro comercial e investidor em Angola e no continente africano.
Almeida Henriques garantiu que a China pode oferecer um campo
aberto em vários sectores de investimento, mas alertou para a necessidade
imperiosa de cada Estado africano avaliar as características próprias da sua
sociedade política, sugerindo ser necessário que os africanos escolham o que é
que a China pode oferecer para este ou aquele Estado e em contrapartida gerar
desenvolvimento.
O analista político disse, também, que Angola pode aproveitar
a cooperação para potenciar sectores diversificados, entre os quais a
Agricultura, Agro-indústria e, também, as Tecnologias, que estão a dominar o
mundo, destacando as vantagens de a China estar entre os países com grande potencial
para contribuir neste aspecto.
“Os Estados também têm procurado relacionar-se com a China,
sobretudo em sectores que eles acham serem aqueles em que se reconhece haver da
China enorme capacidade para o seu desenvolvimento”, revelou.
De acordo, ainda, com Almeida Henriques, existe, também, um
elemento muito importante que se deve ter em conta, que é o facto de “os
Estados africanos aproveitarem os momentos altos que a China vai oferecendo,
porque se não aproveitarem, voltaremos a reflectir num passado em que as
relações beneficiavam mais outros Estados e os africanos não”.
Amizade tradiciona
O analista político concorda com a análise feita pela
encarregada de Negócios da Embaixada da China em Angola, Chen Feng, em artigo
publicado, ontem, no Jornal de Angola, por ocasião dos 42 anos da cooperação.
A referência feita pela diplomata chinesa ao facto de, “após a paz ser restaurada em Angola, a China ter sido a primeira nação-amiga que estendeu a mão à reconstrução angolana”, de acordo com Almeida Henriques, é verdade, recordandoque “foi a China quem se mostrou acessível a participar na Conferência de Doadores para ajudar Angola”.
Durante a análise ao estado actual das relações, Chen Feng ressaltou o facto de as estatísticas incompletas elucidarem que, nas últimas duas décadas, as empresas chinesas reabilitaram ou construíram 3.000 quilómetros de caminhos-de-ferro, 30 estações ferroviárias, 20 mil quilómetros de estradas, dez aeroportos, 14 milhões de metros quadrados de habitação social, 200 escolas, 50 hospitais e 60 projectos de abastecimento de água e drenagem.
“As empresas privadas chinesas em Angola já ofereceram, acumuladamente, 420 mil postos de trabalho, formaram 28 mil funcionários locais e patrocinaram centenas de jovens angolanos para frequentar cursos nas universidades da China”, sublinhando que tais números, embora incompletos, atestam que cumpriram, activamente, as responsabilidades sociais e doam muitos fundos e materiais de caridade substanciais a grupos vulneráveis.
De acordo, ainda, com a encarregada de Negócios da Embaixada da China, com a celebração, este ano, dos 50 anos da Independência de Angola, as sementes de amizade lançadas pela China, durante a Luta de Libertação e a reconstrução nacional, transformaram-se em árvores imponentes.
Perante um mundo mutável e turbulento, refere Chen Feng, a
parte chinesa está disposta a trabalhar com a parte angolana para manter a
amizade tradicional, reforçar a unidade e a cooperação, fortalecer o apoio
mútuo e alcançar o desenvolvimento comum.
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