O grupo Experimental Teatro, um dos pioneiros das artes cénicas em Angola, no período pós-Independência, foi o vencedor da edição especial da Gala Máscara de Ouro do Teatro (GALMOTE), na categoria “Reconhecimento Histórico”, na cerimónia realizada, sábado, no Memorial Dr. António Agostinho Neto (MAAN), em Luanda, que contou com a presença do ministro da Cultura, Filipe Zau.
Redacção
Como forma de valorizar os esforços do grupo, que tem contribuído para o teatro nacional há mais de 40 anos, a Associação Angolana de Teatro (AAT), organizadora do GALMOTE, premiou a agremiação com um troféu e um certificado de mérito, galardões que foram dados, igualmente, aos vencedores das demais categorias.
O GALMOTE, que foi criado com o objectivo de valorizar os criadores de teatro, premiou, igualmente, na categoria “Destaque Nacional”, o grupo Ombaka Teatro, na de “Investigação Teatral”, o grupo Bimphadi, na de “Teatro Comunitário, grupo Julu, na de “Projecto de Teatro Infantil”, o “Nzoji ya Monandengue”, da Companhia de Artes Sol, na de “Projecto de Teatro Musical”, As Fabulosas, e na categoria de “Festival”, o Internacional de Teatro do Cazenga (FESTECA).Na actividade, foram galardoados, ainda, na categoria de
“Grupo da Província de Luanda”, o Horizonte Njinga Mbande, na de “Grupo da
Província do Huambo”, o S.O.S Teatro, na de “Grupo da Província de Cabinda”, o
Nkondo Ikuta, na de “Grupo da Província do Namibe”, o Colacerma, na de “Grupo
da província do Uíge”, o MZ Teatro, e na categoria de “Grupo da Província da
Huíla”, o Ofeka Yetu.
Na categoria de “Actor Carreira” foi vencida por David
Enoque, enquanto a de “Actriz Carreira” o galardão foi entregue a Filipa Adão.
Os vencedores desta edição especial do GALMOTE foram
escolhidos pelo conselho de honra do projecto, constituído pelo dramaturgo e
director José Mena Abrantes, o actor António de Oliveira “Delon” e a actriz e
directora Anacleta Pereira. Os especialistas procuraram reconhecer, nesta
edição especial, o teatro como manifestação colectiva, embora excepcionalmente
premiou um actor e uma actriz.
Os critérios utilizados pelo conselho de honra foram a
regularidade das exibições teatrais, a projecção internacional do grupo, o tipo
de trabalho que desenvolve e a forma como impacta a sociedade, perfil do grupo
e as múltiplas valências da agremiação, que incluem, por exemplo, programas de
formação dos seus membros. Quanto ao prémio carreira, o critério foi o percurso
desenvolvido pelos actores.
Além da premiação principal, a edição especial da Gala
Máscara de Ouro do Teatro (GALMOTE) serviu, também, para homenagear os grupos
precursores do teatro angolano, nomeadamente Horizonte Njinga Mbande, Oásis
Teatro, Elinga Teatro e o grupo Teatral Kimbanguista (GTKI).
O ministro da Cultura, Filipe Zau, no discurso de
encerramento da actividade, saudou a iniciativa e reconheceu a importância que
os fazedores de teatro têm desempenhado no desenvolvimento da sociedade
angolana.
Filipe Zau disse que o teatro e as demais artes exercem um
sentido amplo de educação que o país ainda não atingiu. Pois a arte, continuou,
contribui para se aprimorar aspectos éticos e morais, o que ajuda na formação
de melhores cidadãos.
O ministro alertou, também, que a cultura não deve ser vista
apenas como um motivo de recreação, o que no seu entender, faz com que não se
enxergue devidamente o papel fundamental que exerce no desenvolvimento de um
país.
“Por isso criou-se a Agência das Indústrias Culturais para
que o conceito de cultura seja mais valorativo, em prol da cidadania”, disse.
Por outro lado, o presidente da AAT, Tony Frampênio, afirmou
ter sido com a intenção de celebrar o teatro angolano e a sua contribuição para
a história, a cultura e a transformação social, que se criou o GALMOTE.
Segundo Tony Frampênio, para a transformação da sociedade
angolana é fundamental que a cultura e as artes tenham um papel preponderante.
Afirmou que o teatro, por exemplo, como arte dinâmica e pedagógica, tem a
capacidade única de fomentar a criatividade e o fortalecimento da identidade
cultural. “Por isso, considera ser importante que se valorize e se invista na
classe teatral e o GALMOTE vem precisamente para reconhecer os fazedores de
arte”, disse.
O responsável explicou que a edição especial do GALMOTE
aparece como abertura de um projecto cuja intenção é torná-lo anual. Mas que,
para tal, apelou ao apoio do Governo angolano. O apoio, disse, é fundamental
para que o teatro possa cumprir com o seu papel social.
“Este evento é um ponto de partida para um compromisso
duradouro, que visa alicerçar os três eixos da nova direcção da AAT, que são a
institucionalização, formação e a massificação do teatro em Angola”, afirmou.
O actor Nário Sá Pinto, em representação do Horizonte Njinga
Mbande, afirmou ter sido merecido os dois reconhecimentos feitos ao grupo, por
conta dos trabalhos desenvolvidos pelo mesmo.
“Ao longo dos últimos anos o Horizonte tem sido um dos
grandes impulsionadores do teatro angolano. Por ano produz por volta de 280
espectáculos, o que lhe torna merecedor desse reconhecimento”, disse.
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