A seguradora Mundial Seguros (AMUSE), controlada majoritariamente pelo Banco de Poupança e Crédito (BPC), está a ser alvo de diversas acusações relacionadas a má gestão e abuso de poder por parte da sua Comissão Executiva. De acordo com fontes internas, as acusações incluem gestão danosa, discriminação racial e desrespeito pelas decisões dos acionistas.
Recentemente, a AMUSE tem enfrentado um clima interno tenso, com denúncias
de que a Comissão Executiva tem tomado decisões sem a devida consideração para
com os processos e interesses da empresa. Um dos principais pontos de
controvérsia é a contratação de dois escritórios de advocacia para lidar com
indemnizações de colaboradores com mais de 15 anos de experiência, levadas a
cabo com base em questões pessoais. Este processo foi contestado pelo
Administrador Serafim Xabanda, que alertou o Presidente da Comissão Executiva
(PCE), Márcio Canumbila, e o Administrador Walter Bravo, mas foi afastado de
todas as decisões após o seu protesto. De acordo com fontes internas, até mesmo
processos ligados diretamente ao seu pelouro foram rejeitados, caso Canumbila
ou Bravo se opusessem.
A falta de consenso na Comissão Executiva tem gerado choques visíveis, incluindo entre diretores e técnicos da empresa. Outro ponto levantado é a alegada discriminação racial na política de admissões da empresa. Fontes indicam que, das 20 novas contratações previstas, mais de 10 seriam de indivíduos de pele clara, com a maior parte sendo mulatos. A Diretora Comercial, Tânia Ferrão Pinheiro, que também apresenta características físicas semelhantes às dos contratados, é mencionada como uma das responsáveis por essa política. Além disso, a comissão executiva da AMUSE estaria a contratar um número de funcionários superior ao que foi aprovado pelos acionistas, o que tem gerado descontentamento e acusações de desrespeito pelas decisões da empresa.
Em mais uma medida controversa, a AMUSE decidiu alterar as condições de trabalho dos diretores, transferindo-os para um open space sem aviso prévio. Segundo relatos, as salas e portas dos diretores foram retiradas, deixando-os expostos em um ambiente compartilhado com técnicos. Essa decisão foi coordenada pela Direção de Capital Humano, sob a liderança de Jurene Calunda, que tem proximidade com o PCE, Márcio Canumbila. A medida compromete a privacidade e as condições de trabalho dos diretores, que agora precisam submeter suas decisões à aprovação de Calunda antes de serem apresentadas à Comissão Executiva.
A Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) também está envolvida na investigação de algumas práticas da AMUSE. A seguradora recebeu uma carta da ARSEG após solicitar o registo obrigatório dos responsáveis com funções relevantes. Um dos diretores, com mais de 15 anos de experiência no setor de seguros, foi "rejeitado" pela ARSEG por não cumprir os requisitos necessários para ocupar a função de Diretor de Risco e Compliance, apesar de já ter exercido o cargo de Diretor do Gabinete Jurídico. A ARSEG também recomendou a inscrição do responsável pela Direção Técnica (Produção e Subscrição), já que a AMUSE tem contratado responsáveis sem as qualificações mínimas exigidas, como é o caso da Diretora Comercial, Tânia Ferrão Pinheiro, e do recém-contratado Diretor Técnico, Heitor Feijó, que não teria a formação necessária para a função.
O clima de tensão na empresa é amplificado pelo descontentamento de outros
acionistas, que acusam a gestão de ser excessivamente centralizada nas mãos do
PCA do BPC, Cláudio Pinheiro, que acumula funções na AMUSE. Fontes indicam que
a Comissão Executiva tem demonstrado compadrio e nepotismo, com alguns membros
sendo protegidos por figuras influentes como a Ministra das Finanças, Vera
Daves, e seu marido, o PCA do Banco BCI, César Armando Eusébio de Sousa. De
acordo com informações internas, a Comissão Executiva estaria a ignorar as
orientações dos acionistas minoritários, que teriam enviado uma solicitação
formal para a destituição da atual gestão, sem sucesso.
Apelo à Intervenção Governamental
Face a estas alegações de abuso de poder, assédio moral, gestão danosa e outros
atos irregulares, fontes internas apelam à intervenção das autoridades
competentes, incluindo a ARSEG e o Ministério das Finanças, devido à falta de
ação até o momento. Foi solicitado também a intervenção do Ministro do Estado
para a Coordenação Econômica, José de Lima Massano, para investigar o caso e
garantir a devida responsabilização pela gestão da empresa.
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