Nos últimos 10 anos, a empresa suíça Transorga, pertencente ao empresário Gery Heller, obteve receitas superiores a 50 milhões de dólares com o aluguer de quatro máquinas para a exploração de diamantes à Sociedade Mineira do Uari. A operação, que ocorre sem concurso público e sem contratos formais, tem gerado controvérsias em torno da sua legalidade e transparência.
Fontes próximas ao processo revelam que o modelo de
negócios utilizado pela Transorga facilita grandes pagamentos fora dos registos
oficiais, beneficiando alguns dos principais gestores da Endiama, a companhia
estatal angolana responsável pela exploração de diamantes. Especula-se que
esses pagamentos envolvam, entre outros benefícios, residências no exterior,
embora detalhes adicionais ainda não tenham sido divulgados.
A Sociedade Mineira do Uari é detida em 51% pela Endiama
Mining e em 49% pela Kassypal, de António Mosquito. Em uma década de atividade,
a empresa gerou receitas superiores a 700 milhões de dólares, mas, até o
momento, não distribuiu dividendos significativos aos seus acionistas. Em 2022,
apesar de gerar mais de 80 milhões de dólares em receitas, a mina operada pela
Endiama, sob a direção de Pedro Galiano, distribuiu apenas 2 milhões de dólares
em lucros para a própria Endiama, enquanto a Kassypal ficou de fora dessa
divisão.
Este modelo de negócios levanta sérias questões sobre a
diligência devida e a transparência das operações, especialmente considerando o
envolvimento de uma empresa suíça em práticas que podem violar as leis tanto de
Angola quanto da Suíça. Apesar de ser um destino conhecido por abrigar os
grandes fortunas ilícitas do mundo, a Suíça tem legislações rigorosas que
exigem práticas transparentes por parte de suas empresas. A falta de licitação
pública e a ausência de contratos formais tornam a situação ainda mais
suspeita, e há um crescente apelo para que as autoridades de ambos os países
investiguem mais a fundo essas operações.
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