O líder do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço, afastou o dirigente João de Almeida Martins, "Jú Martins", da equipe que irá integrar a comissão de revisão dos estatutos partidários para o próximo congresso de dezembro.
O afastamento ocorreu à margem da última reunião extraordinária do Comitê
Central, momentos após o secretário do Bureau Político (BP) do MPLA para
Mobilização, Gonçalves Muandumba, ter lido a lista contendo os nomes dos
membros das várias comissões de trabalho do congresso. Muandumba havia
anunciado o nome de "Jú Martins" como coordenador da comissão de
revisão dos estatutos, mas, pouco depois, foi chamado pelo Presidente do
partido para fazer as devidas correções.
Pela primeira vez, membros do governo como Ricardo de Abreu, Eugénio Cear Laborinho e João Baptista Borges foram nomeados "em massa" para integrar outras comissões de trabalho do congresso.
Segundo apurou o Club-K, João Lourenço pretende alterar o artigo 120 do partido,
que estabelece que o líder do partido é o candidato à Presidência da República,
para que ele possa concorrer no congresso de 2026 sem ser impedido pelas normas
constitucionais. Está prevista para o próximo mês novembro uma segunda reunião
do Comitê Central do MPLA, onde o tema da alteração dos estatutos será aprovado
para ser introduzido para o congresso extraordinário de dezembro de 2024.
Inicialmente, João Lourenço pretendia alterar a Constituição para permitir um terceiro mandato, mas, ao consultar especialistas do regime, foi desencorajado. Como alternativa, decidiu convocar um congresso extraordinário para reajustar os estatutos do MPLA, permitindo-lhe permanecer na Presidência do partido. Em 2027, Lourenço colocaria um "testa de ferro" como cabeça de lista nas eleições, alguém que ele pudesse controlar.
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