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Centro do Uíge forma jovens de diversas províncias

Centenas de jovens e adolescentes, de ambos os sexos, acorrem, diariamente, ao Centro Tecnológico do Uíge, para se inscreverem nos distintos cursos ministrados, de forma intensiva, nesta instituição de ensino técnico-profissional, inaugurada a 28 de Outubro de 2021, pelo Presidente da República, João Lourenço.

O centro contempla três plataformas formativas, sendo a primeira denominada “Eu sei fazer”, que congrega vários cursos com certificação local, entre os quais o de Informática, Electrónica Analógica e Digital, Energias Renováveis, Montagem de Câmara para Videovigilância, Design Gráfico, Jornalismo e Comunicação Via Satélite.

A segunda é a plataforma “Academia Cisco”, com quatro cursos com certificação internacional, nomeadamente o de Tecnologias de Informação (TI) e Redes, nos níveis CCNA1, CCNA2 e CCNA3. A terceira plataforma oferece cursos ligados à área administrativa, como o de Gestão de Recursos Humanos, Atendimento ao Público, Protocolo e Relações Públicas, Gestão de Arquivos e Empreendedorismo.

A maioria dos cursos são ministrados gratuitamente. No geral, o tempo de duração varia de 15 a 35 dias, com excepção da formação em Electrónica, que é feita em dois meses, por contemplar dois módulos (Electrónica Analógica e Digital).

Género

Sandra Sebastião João, de 20 anos, está entre as centenas de jovens que frequentam, neste momento, cursos técnico-profissionais no centro. A jovem está prestes a concluir o curso de Electrónica, sendo a única mulher da sua turma, com 30 alunos.

Técnica média em Energias Renováveis, pelo Instituto Médio Politécnico “Namputo”, situado no município da Damba, Sandra Sebastião João disse que, fruto da perícia dos formadores na transmissão dos conhecimentos, já consegue consertar vários dispositivos electrónicos, como descodificadores, receptores de rádio e telefones. 

“O surgimento deste centro tecnológico é uma mais-valia para a província do Uíge, pois muitos jovens encontraram aqui uma oportunidade para evidenciarem o talento e capacidade inventiva, através dos conhecimentos adquiridos no campo das novas tecnologias”, referiu a formanda, que almeja ser engenheira do ramo das Energias Renováveis.

Qualidade

Osvaldo dos Santos Almeida, de 27 anos, é outro formando do centro, que está a fazer a especialidade de Informática Avançada. Destacou a qualidade formativa, particularmente dos cursos da instituição, que possui equipamentos ultramodernos, no domínio das novas tecnologias e formadores altamente competentes, muitos dos quais com certificação internacional.

“Tendo em conta que o mundo, hoje, é tecnológico, decidi inscrever-me no curso de Informática Avançada, uma área da qual tenho uma enorme paixão, desde pequeno”, frisou o jovem.

Habilitações

Quem está, igualmente, a ser formado no Centro Tecnológico é o jovem Euclides Elias, de 20 anos, que está a fazer o curso de Tecnologias de Informação (TI) e, na companhia dos colegas, aprende a montar e desmontar computadores e outros aparelhos electrónicos, para ao cabo de um mês obter uma certificação internacional, que o vai habilitar a trabalhar em qualquer parte do mundo.

Os cursos de Informática Avançada, Tecnologias de Informação e Electrónica, de acordo com os dados divulgados pela direcção do centro, são os que recebem o maior número de candidatos com regularidade, por garantirem um fácil acesso ao emprego.

Instituição académica faz inúmeros avanços na componente formativa

O director do Centro Tecnológico do Uíge, Virgílio Cordeiro, disse que, desde a inauguração do espaço, há três anos, a instituição marcou passos significativos em termos de evolução. “Hoje, além da componente formativa, criamos, igualmente, uma área para produção de conteúdos, um cyber e um laboratório”, realçou.

O laboratório, explicou, funciona como uma fábrica de softwares. “É lá onde promovemos estágios para os estudantes que vêm de várias instituições de ensino superior, e, também, desenvolvemos todo o tipo de aplicativos, desde criação de sites, base de dados e outros”, indicou, acrescentando que a instituição tem estado a trabalhar na concepção de vários outros projectos tecnológicos, como a criação de uma plataforma denominada “Wana”, que permite localizar documentos perdidos na via pública, é um aplicativo para práticas de laboratórios virtuais, nas disciplinas de Física e Química.

“Este software laboratorial está, neste momento, a ser utilizado em duas instituições de ensino médio da região, o Instituto Médio de Saúde e o Liceu do Uíge, beneficiando aproximadamente 300 estudantes”, referiu, além de informar que o centro tecnológico é assegurado por um grupo de 19 funcionários, 11 dos quais com formação internacional.

“Importa referir que o centro beneficiou, há meses, de uma bolsa de estudo, atribuída pelo Governo angolano para capacitar os formadores em matérias ligadas às tecnologias de nível avançado. Agora, os quadros foram formados e muitos estão a contribuir com os conhecimentos adquiridos”, disse, lembrando, por outro lado, que, no decurso dos três anos de existência do centro, conseguiram realizar quatro feiras de inovação tecnológica, com o objectivo, não apenas de descobrir novos talentos, mas, também, reunir os amantes das novas tecnologias para a partilha de conhecimentos e apresentação de uma série de soluções tecnológicas.

Negócios próprios

O responsável do centro tecnológico do Uíge deu, ainda, a conhecer que ao longo dos três anos foram formados 2.700 jovens, entre homens e mulheres, de entre os quais 470 formados em cursos internacionais, ou seja, na área da “Academia Cisco”. Muitos dos jovens formados, avançou, conseguiram abrir, actualmente, os próprios negócios e criaram oportunidades de emprego para os outros.

“Nos três anos da existência do centro, a província do Uíge passou a ser considerada como a segunda capital tecnológica do país, depois de Luanda, porque somos nós que conseguimos participar em todos os eventos tecnológicos, promovidos pelo Executivo angolano, em Luanda e no Lubango. A título de exemplo, no Angotic, realizado em Junho do presente ano, fomos eleitos como a província revelação. Na Feira de Inovação Tecnológica, do Instituto de Telecomunicações, realizada de 12 a 15 do mês passado, Setembro, saímos, igualmente, como a província revelação. Este ano recebemos, também, um prémio revelação”, realçou.

Virgílio Cordeiro lamentou a fraca participação das jovens nos cursos Tecnológicos ministrados, facto que preocupa a instituição e, em virtude disso, estão a trabalhar em colaboração com o Gabinete Provincial da Educação, na realização de palestras nas escolas, para incentivar as raparigas a gostarem mais das tecnologias de informação e, deste modo, promover o equilíbrio do género.

Por outro lado, adiantou, que, quer para formação, quer para estágios, o centro recebe jovens de vários pontos do país, com particular destaque para os das províncias do Cuanza-Norte, Malanje, Luanda, Huambo e Bengo.

“Estamos, neste momento, a trabalhar com o Governo do Cuanza-Norte, que tem estado a enviar estudantes do ensino médio e superior, para realizar estágios no centro tecnológico”, informou.

Aposta no audiovisual resulta no primeiro filme de desenhos animados

O responsável do centro adiantou, ainda, que estão, também, a apostar no campo da multimédia, com o desenvolvimento, recentemente, de uma série de cinco capítulos em desenhos animados, com o título “N’zila” (termo kikongo que significa caminho), para retratar a violência doméstica.

“O filme retrata a história de uma família que enfrenta muitas dificuldades e onde uma mulher, mesmo sendo vítima de várias agressões, por parte do marido, não consegue denunciá-lo às autoridades”, esclareceu, acrescentando que a produção da série, que deve estrear ainda este mês, durou um ano, tendo contado, unicamente, com a participação de actores locais.

De acordo com o director, é a primeira série angolana em desenhos animados com cinco capítulos. No momento, realçou, estão a trabalhar com responsáveis de alguns canais televisivos para que o filme possa ser exibido à sociedade em geral.

“Vamos continuar a trabalhar. O maior sonho é produzir um filme em três dimensões (3D)”, disse, lembrando, na ocasião, que o centro é apadrinhado pelo Presidente da República, que tem estado a fazer bem este papel.

“Temos recebido todos os apoios necessários e um exemplo é o laboratório de electrónica, assim como a rede e o centro de produção de conteúdos, criados por meio de um patrocínio do casal presidencial, no intuito de fazer com que o centro continue a oferecer uma formação de qualidade aos jovens locais”, disse, além de explicar que os apoios têm sido materiais e financeiros.

Capacitação

Por meio do apoio do casal presidencial, referiu, um grupo de formadores afecto ao centro segue, dentro de dias, para o Brasil, numa iniciativa do Presidente da República, onde vai ser capacitado em formação técnico-profissional.

Não obstante aos apoios recebidos, prosseguiu, o centro tem enfrentado algumas dificuldades, relacionadas com a manutenção dos equipamentos e o pagamento de salários dos funcionários, pelo facto de ainda não ser uma unidade orçamentada.

Mas, ainda assim, prosseguiu, o Governo da província e o Ministério das Telecomunicações trabalham no sentido de construir centros tecnológicos nos demais municípios da província. Neste momento, disse, decorrem já as obras da construção do centro de Negage, prevendo-se a sua entrada em funcionamento no princípio do próximo ano.

De acordo com Virgílio Cordeiro, um dos desafios ao qual se propõe passa por ministrar, na província, é o último nível do curso de especialidade de Redes, que existe apenas no Instituto de Telecomunicações de Luanda (ITEL).

Máquinas em construção

O director do Centro Tecnológico do Uíge revelou estar na forja a construção de uma máquina depuradora de milho, que vai servir, igualmente, para a produção de ração animal.

“Já começamos a criar as condições para o efeito, acreditamos que dentro de 30 ou 40 dias teremos a máquina devidamente construída e pronta para os testes”, referiu, tendo ressaltado que, com a criação do equipamento, pretendem contribuir, também, nas acções que concorrem para o aumento da oferta deste cereal (milho), que integra a cesta básica.

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