No seu mais recente discurso, João Lourenço, o presidente em funções do MPLA, voltou a fazer uso de metáforas desportivas para enviar mensagens veladas a figuras proeminentes do seu partido, nomeadamente Fernando da Piedade “Nandó” , Dino Matross e Higino Carneiro, insinuando que qualquer pretensão à liderança está fora de tempo e lugar. O tom paternalista e autoritário de João Lourenço transparece na comparação da política a um jogo, onde apenas quem segue rigidamente as regras do “colectivo” tem chance de victória. No entanto, fica claro que essas regras são, no fundo, impostas por ele, e qualquer tentativa de desafiá-las, mesmo dentro do partido, é prontamente desqualificada.
O discurso, no entanto, mais uma vez ignora a realidade concreta de Angola.
João Lourenço, desde que assumiu o poder, perdeu repetidas oportunidades de
reformar verdadeiramente o país. Em vez de despartidarizar as instituições do
Estado, aprofundou o controle do MPLA sobre os órgãos de soberania. As
autarquias, que poderiam ser um instrumento de desenvolvimento local, foram
adiadas indefinidamente, revelando uma falta de compromisso com a
descentralização e a democratização do poder. A promessa de combater a
corrupção e abrir a economia a todos, sem distinção, esfumou-se na continuidade
de uma elite predadora.
Enquanto João Lourenço fala de disciplina e organização, a imprensa e a
liberdade de expressão sofrem golpes constantes, com jornalistas e activistas a
serem silenciados ou intimidados. Na mesma medida em que o seu governo
restringe liberdades, cresce a pobreza extrema no país. A juventude angolana,
sem oportunidades, sem esperança de um futuro melhor, opta por abandonar o
país. A Angola de João Lourenço é uma Angola estagnada, sem um plano de
desenvolvimento que a tire do abismo social e econômico em que se encontra.
Contrário a isso, Adalberto Costa Júnior emerge como a solução possível. A
sua visão de um país inclusivo, com autarquias locais e despartidarização das
instituições, reflete as aspirações do povo angolano por uma verdadeira
alternância política. João Lourenço pode continuar a prolongar o “jogo”, mas o
apito final está mais próximo do que ele imagina. E quando soar, a história o
julgará como o líder que teve todas as chances de construir um legado positivo
e falhou.
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