A empresa GENEA Angola, comprometida com o desenvolvimento sustentável e responsável em Angola, vem a público denunciar uma série de invasões, consideradas criminosas, a seus terrenos, destinados a projectos de habitação e outras iniciativas, que visam o bem-estar das populações do país, pelo que apela a intervenção urgente do Presidente da República, João Lourenço e do Governador de Luanda.
Segundo a direcção da GENEA Angola, a usurpação das parcelas de terra tem
sido protagonizada por indivíduos que usam a força e intimidação, o que tem
comprometido “gravemente o progresso dos projectos”, facto que evidenciam
falhas no sistema jurídico angolano em garantir a protecção de propriedades
legítimas.
Atualmente o grupo possui pelo menos quatro terrenos devidamente documentados e licenciados pelas instituições do Estado angolano, mas que de acordo com a GENEA, “invadidos por criminosos” e “foras da lei”. Estes terrenos legalizados pela empresa, dois (2) estão no município de Viana, um (1) no Camama e o outro no Lar Patriot, município do Talatona, em Luanda.
Estes terrenos, segundo a GENEA, correspondem a mais de 800 unidades
habitacionais que deixaram de ser construídas, além de aproximadamente 600
postos de trabalho, que não foram criados devido a ocupação ilegal dos seus
terrenos.
Contexto das invasões
A direcção da empresa esclarece que a GENEA Angola tem seguido
“meticulosamente”, todas as etapas legais necessárias para garantir a posse e
protecção de seus terrenos, “desde a aquisição das propriedades até o registro
e obtenção de licenças, a empresa tem atuado em estrita conformidade com as
normas e regulamentos angolanos”, mas assiste-se a contínua invasão dos mesmos
por elementos estranhos.
“No entanto, apesar desse comprometimento com a lei, a GENEA Angola tem
enfrentado uma série de problemas no sistema judicial que tem impedido a
resolução adequada das invasões que vem sofrendo, permitindo que criminosos
atuem de forma livre e agressiva”, refere.
Em nota de imprensa enviada ao Club-K, a empresa entende que esses
obstáculos legais têm causado sérios danos à capacidade de qualquer empresa,
seja nacional ou estrangeira, que são essenciais para o desenvolvimento
económico e sustentável de Angola.
Na nota, a GENEA Angola reitera que a falta de uma resposta rápida e justa
por parte do sistema jurídico angolano não apenas ameaça seus negócios, mas
também o progresso do país como um todo.
Impacto nos futuros investimentos
Os actos de invasão, de acordo com a empresa brasileira, “não constituem
apenas uma ameaça ao Grupo GENEA, mas ao progresso de toda a nação”, revelando
que “a empresa está actualmente envolvida em projcetos que visam diminuir o
déficit habitacional de Luanda, promover novos investimentos e criar
oportunidades de emprego”.
Para a direcção, a paralisação ou atraso desses projectos devido à ocupação
ilegal de terras, representa um retrocesso significativo e coloca em dúvida a
viabilidade de se investir em Angola.
A nota de imprensa sublinha que essas invasões trazem à tona a necessidade
urgente de melhorias no sistema jurídico angolano para garantir que o Estado de
Direito seja respeitado e que as empresas possam operar em um ambiente seguro e
protegido.
Invasão pode desencorajar investidores estrangeiros
O Presidente do Conselho da Administração do Grupo GENEA, engenheiro Paul
Ang alertou sobre a necessidade de o Estado inverter o quadro, com vista a não
desencorajar os investidores estrangeiros.
“Sinto a obrigação de alertar sobre uma situação crítica que, se não for
rapidamente abordada, pode comprometer gravemente o futuro do ambiente de
negócios em nosso país”, alertou, para quem a segurança jurídica é o pilar
fundamental para qualquer ambiente de negócios saudável, pois sem ela, segundo
o gestor, “o risco para as empresas é imensurável, e os investidores – tanto
locais quanto estrangeiros – inevitavelmente recuarão, temendo por seus
investimentos”.
Paul Ang lamenta que a sua empresa, de um tempo para cá, tem enfrentado
desafios significativos devido a “invasões criminosas” de terrenos que são
legalmente da empresa GENEA. “Seguimos todos os procedimentos legais, confiando
nas instituições do nosso país para proteger nossos direitos e permitir que
continuemos a desenvolver projectos, que são vitais para o crescimento
económico e sustentável de Angola”, salientou aquele responsável, lamentando
ainda que, “o que encontramos foi um sistema jurídico marcado por lentidão,
erros processuais e, em alguns casos, decisões tendenciosas”.
Apontou como exemplo, o terreno localizado na zona do Luanda Sul, ao lado
do Ginga Shopping, em Viana, adquirido e escriturado em 2007 – um espaço que
contemplava mais de 100 casas chamadas “Ginga Vitória”.
“Este terreno já possui duas casas construídas antes mesmo de 2011.
Oportunistas entraram com pedido de recuperação de posse alegando serem eles os
proprietários com documentos datados em meados de 2022”, lamentou.
Após o término da instrução do processo, em Dezembro de 2023, o procurador
Rui José André da Procuradoria Geral da República (PGR) junto da Esquadra do
Luanda-Sul, no município de Viana, de maneira surpreendente para o Grupo GENEA
Angola, nomeou o reclamante como o fiel depositário do terreno mesmo não tendo
os requisitos preenchidos para sê-lo.
“O mais correto seria que a GENEA fosse o fiel depositário, uma vez que,
atendemos a todos os requisitos e principalmente temos em posse todos os
documentos (Direito de superfície e registro junto da conservatória do Registo
Predial) e licenças do terreno”.
No local, segundo apurou o Club-K, o cidadão reclamante no processo está a
fazer obras no terreno, colando a venda o espaço, um acto completamente ilegal
e criminoso passível de prisão, de acordo com especialistas.
“Se a lei não for aplicada de forma justa e eficiente, o ambiente de
negócios em Angola corre o risco de desaparecer. Os empresários não podem
operar em um ambiente onde suas propriedades e investimentos não são
protegidos. Isso afasta novos investimentos, prejudica a criação de empregos e
impede o desenvolvimento do país”, reforçou.
Disse que o Grupo GENEA continua comprometido com o desenvolvimento de
Angola, mas, como qualquer outra empresa, disse, “precisamos da garantia
essencial de que o sistema jurídico funcionará como deve – para proteger os
direitos e proporcionar um ambiente estável e seguro para operar”.
Apelou às autoridades para que reforcem o Estado de Direito e garantam que
Angola continue a ser um destino atraente para o investimento, contribuindo
assim para o futuro próspero que "todos desejamos ver para o nosso
país".
“Cada projecto imobiliário não realizado corresponde a pelo menos 150
postos de trabalhos não criados”, disse.
Sobre ambiente de trabalho em Angola
Disse que está em Angola há quase 20 anos e actuo em negócios há mais de 50
anos. Durante este tempo, segundo Paulo Ang, desenvolveu “um profundo amor por
este país e seu povo”, pois afirma acreditar no potencial de Angola e na
capacidade de sua população de construir um futuro brilhante.
O Grupo GENE, ao longo dessas duas décadas, disse, não só gerou milhares de
empregos nas áreas de construção, indústria e agricultura, mas também
contribuiu significativamente para diversos programas sociais que visam
melhorar a qualidade de vida de muitos angolanos.
“Temos trazido para Angola know-how de classe mundial e recursos
estrangeiros para desenvolver projetos que beneficiam diretamente a economia e
o bem-estar social do país. Entretanto, apesar do nosso compromisso contínuo
com o desenvolvimento de Angola, confesso que, neste momento, me sinto
desencorajado em manter nossas atividades no país”, afirmou.
O Grupo GENEA reconhece e aplaude os excelentes esforços do governo
angolano nos últimos meses como investir na segurança alimentar, exportação de
bens de consumo produzidos aqui e também na melhoria do controle tributário.
Para Paul Ang, a Agricultura é uma área crucial para o bem-estar da
população e o desenvolvimento sustentável do país, referindo-se que, ao
incentivar as exportações de produtos angolanos, o governo está não apenas
fortalecendo a economia local, mas também posicionando Angola de maneira
competitiva no mercado global.
“Além disso, a melhoria no controlo tributário, em parceria com a
Administração Geral Tributária (AGT), é um passo significativo para criar um
ambiente de negócios mais transparente e eficiente. Essas medidas são
fundamentais para atrair novos investimentos, promover o crescimento econômico
e garantir que Angola continue a avançar no caminho do desenvolvimento”,
sustentou.
Lamentou ainda que “a falta de segurança jurídica que estamos enfrentando
não só coloca em risco os investimentos que já fizemos, mas também nos faz
questionar a viabilidade de continuar a investir”. Para ele, a situação
compromete não apenas o futuro do Grupo GENEA Angola, mas também o progresso de
muitos outros projectos que poderiam transformar o país e melhorar a vida de
milhares de pessoas.
“Precisamos de uma resposta clara e firme das autoridades para garantir que
a lei seja respeitada e que as empresas possam operar em um ambiente seguro e
previsível”, apelou, acrescentando que “só assim poderemos continuar a
contribuir para o desenvolvimento de Angola, trazendo investimentos, criando
empregos e apoiando as comunidades locais”.
Sobre seu relacionamento com Angola
Fez saber que “cada vez que estou no estrangeiro, faço questão de falar bem
de Angola. Sempre ressalto o valor deste país, do seu povo trabalhador e
resiliente, das oportunidades de negócios que aqui existem e, acima de tudo, da
alegria e calor humano que só o povo angolano tem”.
Frisou que a sua família enraizada neste país, seus filhos e netos, afirmou
terem crescido em Angola, “absorveram essa cultura rica e diversa”. “Nunca
imaginei que chegaria a um ponto em que me sentiria prejudicado em um lugar
onde investi não só recursos, mas também vida, coração e alma”, lamentou.
“O que torna essa situação ainda mais dolorosa é o facto de que estou sendo
prejudicado por um grupo de pessoas que sempre busquei ajudar”, disse Paul Ang,
que, diante disso, “gostaria respeitosamente de pedir uma intervenção directa
do Governador de Luanda, ou até mesmo do vosso excelentíssimo Presidente da
República. Precisamos do apoio das mais altas autoridades para que possamos
estabelecer ordem, superar essa crise e acima de tudo propiciar um ambiente
onde todas as empresas possam gerar oportunidades a contribuir para o
crescimento e prosperidade de Angola, país que tanto amo e respeito”, salientou
o PCA do Grupo GENEA.
Segundo ainda a gestão da empresa, o Grupo GENEA possui uma trajectória
sólida e comprometida com o desenvolvimento económico e social.
Fundada em 1992 no estado de São Paulo, Brasil, a empresa expandiu suas
operações em Angola em 2005, “onde tem desempenhado um papel fundamental no crescimento
do país”.
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