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Crítica abandonada, bandeira rasgada - Jorge Eurico

 A “crítica e a autocrítica” era um exercício muito comum no seio do MPLA até antes de 1991. Com essa pratica, identificavam-se erros e analisava-se o comportamento dos dirigentes do partido e do Governo.

Tomavam-se decisões e propunham-se mudanças. No processo de “crítica e autocrítica” não se deixava ninguém incólume. Quem claudicasse era chamado à pedra. Havia ordem e disciplina. Os dirigentes andavam na linha. Não eram tão altivos como hoje. O exercício da “crítica e autocrítica” fortalecia o MPLA. O partido no poder era, internamente, mais democrático no tempo de partido único.

Hoje os tempos são outros. Abandonou-se a crítica. Rasgou-se a bandeira da democracia interna. Hoje há, supostamente, militantes mais esclarecidos. Com mentes alegadamente mais arejadas. Mas também há mais pusilanimidade que no passado. Há mais seguidismo. Mais proxenetismo. Mais cinismo. Mais traições. Menos camaradagem. Menos lealdade partidária. Menos patriotismo. Mais oportunismo. Desfraldou-se o estandarte da intriga. Do mal dizer e do escárnio. Nestes quesitos, o partido está muito bem servido!

“Cerrar Fileiras em Torno da Bandeira e do Líder” é uma divisa que prejudica o MPLA. Impele os militantes a apoiarem tudo sem questionar. Mesmo que seja uma ideia burra. Ninguém diz nada. Deixam o líder por os pés pelas mãos. No final, a factura do ônus é assacada ao líder. Isso compromete os princípios e valores tanto do partido como do País. Isso é cadastro para o líder. Apoiar acções incorretas, éticas ou moralmente questionáveis prejudica sobremaneira o líder, a bandeira e o País. E ninguém diz nada. Tudo fica caladinho. Fica tudo a ovacionar mesmo sabendo que o líder está a lavrar em erro. É o que se passa hoje.

O desenvolvimento do País depende do grau e da qualidade da democracia interna do MPLA. Os militantes deviam questionar a liderança do partido. Sem desrespeitar os estatutos e regulamentos. Mas é preciso questionar. É imperioso criar um ambiente no seio do MPLA em que cada dirigente seja responsabilizado pelos seus erros. O contrário leva ao autoritarismo e à impunidade. À corrupção e à empáfia!

Cerrar fileiras irresponsavelmente em torno da bandeira, apoiar cega e incondicionalmente o líder tem tido consequências negativas para o MPLA e para o País. Está provado. Apoiar cega e estupidamente uma causa (seja ela justa ou injusta) leva à perda de discernimento e à manipulação. À desinformação. Causa danos políticos irreparáveis para o Estado angolano.

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