O jornalismo é a actividade profissional dedicada à colecta, apuração, análise e divulgação de informações de interesse público, através de veículos de comunicação, tais como jornais, revistas, rádios, televisão, internet e outras plataformas.
Em Angola, a Lei nº 5/17 de 23 de janeiro, define os
parâmetros para o exercício da profissão de jornalista, e ela abrange, não
apenas a obrigatoriedade do respeito pelas normas legais, mas igualmente se
funda na pertinência da observância da ética e da deontologia. Significa que,
os profissionais da comunicação social têm direitos, deveres e
responsabilidades que derivam da sua actividade.
A dignidade e a credibilidade fazem igualmente parte dos requisitos incontornáveis para o seu exercício.
As notícias da ocorrência de casos anunciadores de que está
em crescendo o número de profissionais da área que desistiram pura e
simplesmente da sua dignidade como jornalistas e deixaram de observar o
respeito aos princípios éticos e morais próprios da profissão e do compromisso
com a busca da verdade, a imparcialidade e a transparência, tudo isso, em troca
de benesses materiais e outras.
É doloroso constatar que, em muitos sectores, já não se
associa o jornalismo aos valores essenciais comprometidos com a luta pelo
progresso e o bem-estar da sociedade. Muitos jornalistas assumiram papéis
relevantes nas lutas de poder que ocorrem nas diferentes esferas de actividade,
nomeadamente política, económica e social, incluindo o desporto.
Não devemos perder de vista que estamos perante uma profissão
fundamental para todos. Através da comunicação social, o jornalismo desempenha
um papel crucial na manutenção dos valores da democracia e na protecção dos
direitos, garantias e liberdades individuais e colectivas dos cidadãos.
Os jornalistas têm como primordial missão, a de informar,
educar e entreter a população, ajudando os seus membros na tomada de decisões
de cidadania conscientes, ao proporcionar-lhes espaço de livre expressão e de
debate, de modos a que todos possam participar activamente na vida política,
económica e social da nação.
A verdadeira democracia, é a que se constrói e se consolida
na garantia do exercício da liberdade de expressão e na transparência e
credibilidade das informações disponibilizadas aos cidadãos, através dos
diferentes veículos, sejam eles privados ou públicos.
Um jornalismo responsável, deve garantir que a população
tenha acesso à informação precisa e objectiva, sobre os acontecimentos na sua
comunidade e no mundo. Essa é a forma como o jornalismo sério pode ajudar a
manter a integridade e os valores da democracia, para que as pessoas possam
tomar decisões informadas e tenham a possibilidade participar de forma consciente
e efectiva na vida política.
Além do seu crucial papel na intransigente defesa da
democracia, o jornalismo agrega igualmente uma responsabilidade social
importante. O jornalismo deve ser uma força direcionada para a prossecução do
bem. Apenas com essa vocação bem vincada nos seus propósitos, ele pode
participar activamente na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Uma das maiores conquistas de um jornalista é a sua
credibilidade pública. Para ser credível ele deve reportar os factos com rigor
e interpretá-los com inequívoca honestidade. Antes de serem divulgados, os
factos devem ser comprovados, ouvidas as partes com interesses atendíveis, em cada caso. Os factos devem ser
comprovados, ouvindo as partes que tenham interesses atendíveis em cada caso.
Para um jornalista, cumprir a sua responsabilidade social,
significa reportar com equilíbrio as questões sociais e políticas relevantes,
incluindo ouvir e dar espaço às vozes críticas e oportunidade de expressão aos
segmentos marginalizados da sociedade, expondo as desigualdades e as
injustiças, sempre que elas se manifestarem. Ao fazê-lo, o jornalismo pode
ajudar a sensibilizar a população para questões importantes e inspirar qa
sociedade para mudanças positivas.
Com o advento das novas possibilidades tecnologias
proporcionadas pela efervescência da era digital. O uso da inteligência
artificial na mídia leva o jornalismo a mudanças significativas, ainda difíceis
de prever. Está aberta uma discussão mundial sobre os seus benefícios enquanto
ferramenta de trabalho, mas também as possíveis consequências do seu uso
desenfreado constituir uma séria ameaça para a sustentabilidade do jornalismo.
Neste capítulo, acreditamos que o uso da IA no jornalismo deve ser transparente
e ético e esteja devidamente alinhado com os princípios do jornalismo.
Agora vivemos num mundo volátil e de inesperadas
transformações, o que provoca um sentimento de insegurança e de temor em muitas
nações. Alguns grupos extremistas outrora confinados numa semi-clandestinidade
ganharam força e voltaram a disputar eleições, individualmente ou em coligações
para a conquista do poder político em muitos países. A popularidade da mídia
social e a profusão descontrolada de todo o tipo de informações na internet,
estão a transformar a maneira como as notícias são produzidas, difundidas e
consumidas pelas pessoas em todo o mundo.
No entanto, apesar dessas contínuas mudanças, algumas das quais são alarmantes e assustadoramente perversas, continuamos a acreditar na vital importância do jornalismo como uma força vocacionada para o bem e um indispensável defensor dos valores da democracia.
O jornalismo necessita resgatar o seu carácter de nobreza,
como uma profissão vital para a pleno desenvolvimento da sociedade. Os próprios
jornalistas devem lutar para recuperar o papel fundamental que o seu trabalho
deve desempenhar na manutenção da democracia e na promoção da justiça social.
Embora esteja a sofrer mudanças significativas, a importância do jornalismo na
sociedade continua a ser inegável e primordial.
É necessário apoiar e valorizar o papel da comunicação social
e garantir que os jornalistas estejam munidos dos recursos e da plena liberdade
para realizarem cabalmente o seu trabalho.
Desta humilde tribuna, incentivamos os jornalistas angolanos
a uma reflexão profunda sobre a necessidade de apresentarmos Novas ideias sobre
a relevância do resgate da credibilidade e da dignidade do jornalismo na nossa
sociedade.
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