O novo secretário provincial do Bloco Democrático (BD) em Luanda, Ary da Costa Campos, 35 anos, considera que o Governo Provincial de Luanda (GPL) “atrapalha” a transformação social, pois entende que a capital do país “está sem um gestor competente” e desqualifica o programa “Luanda precisa de ti”.
Em entrevista concedida ao Club-K, o jovem político do Bloco Democrático (BD), disse que a situação socioeconómica caótica de Luanda reflecte a realidade de todo o país, devido à “má governação do partido no poder”.
“O país está mal, Luanda está mal e, só não percebe isso quem tem seguranças a volta dele todos os dias, vivem em condomínios fechados com alta segurança. Para essas pessoas o país está bem”.
Para Ary da Costa, o cidadão comum enfrenta diariamente a vida dura em Luanda, razão pela qual faz uma avaliação “negativa” sobre a governação de Luanda, sob a liderança de Manuel Homem, aquém considera um “gestor incompetente”.
“Para quem é cidadão angolano e que vive o dia a dia, basta sair à rua para
ver o quão difícil é viver em Angola, especificamente em Luanda. Então a
avaliação que nós estamos a fazer é péssima, é negativa”, classificou.
O líder do Bloco Democrático em Luanda sustenta que “não se justifica mesmo sabendo que a vida está cada vez mais cara e a situação do cidadão está cada vez mais difícil, mas simplesmente temos os governantes que olham para isso com maior naturalidade”.
Pensa ser mais difícil viver em Angola e com maior incidência na capital do país, devido ao custo de vida, cuja cesta básica, disse “está muito elevada”. “Nós temos uma inflacção acima dos 30%, o que quer dizer que, mesmo com o suposto aumento salarial não será suficiente”.
Ary da Costa salientou que muitos jovens estão a abandonar o país por não acreditarem no seu futuro. “O jovens querem casa, carro, habitação, formação e muito mais, o que a sua maioria não consegue”. “Quem é que acredita que este país vai dar futuro para alguém?”, questionou.
O secretário provincial do Bloco Democrático criticou igualmente a pretensão do Presidente da República, João Lourenço, que pretende a divisão da província de Luanda, sem antes ter consultado a população que nela habita.
“É lamentável que um grupo de pessoas fecha-se numa sala e de repente diz para os milhões de angolanos, que vai dividir a província. Conversaram com quem? Como é que chegaram até ali? Desde quando é que estão a pensar (n)isso?”, lamentou.
Na visão de Ary da Costa, a tendência do MPLA e do seu governo, “é o
adiamento da realização das autarquias locais”. “Porque do ponto de vista
racional, não se consegue perceber isso e nem temos informações suficientes
para percebermos como chegaram a essa conclusão”, disse.
O político do BD entende ainda que a solução para muitos dos problemas que
afligem os luandenses “passa pela institucionalização das autarquias locais,
mas quem governa”, segundo Ary da Costa, “está com medo das autarquias,
principalmente devido aos resultados eleitorais que nós colhemos aqui em Luanda
no quadro da Frente Patriótica Unida (FPU), então há um medo como o diabo
fugindo da cruz”.
“O MPLA nega as autarquias, porque sabe que, com as autarquias no país e
especialmente em Luanda, ele perde”, sustentou.
Quanto às bases do seu partido, o secretário do Bloco Democrático garante
que a sua formação política em Luanda “goza de boa saúde” e salientou que o BD
“é uma alternativa para a governação do país”.
Entre as prioridades definidas, após a sua eleição no ano passado, Ary da
Costa escolheu descer as bases para manter o contacto permanente com as
populações e viver a sua realidade social. “É o que estamos a fazer, estamos no
terreno, estamos a dialogar com as pessoas e sobretudo fiscalizar as políticas
públicas a nível provincial nestes sectores sociais”, disse.
“Politicamente é assim que nós queremos fazer o trabalho a nível da capital
e é assim que nós acreditamos que poderemos transformar Luanda de muitos
problemas, de muitas dificuldades e que infelizmente cada vez parece
desgovernada”.
O político disse, por outro lado, que o futuro depende dos jovens, pois
para ele “qualquer tipo de transformação só vai ser feita pelos jovens e por
jovens”, por isso apelou que a juventude precisa se “organizar politicamente”,
apesar de reconhecer ser difícil exercer actividade política em Angola.
“Então, só assim nós poderemos lutar contra essa realidade cruel que
estamos a passar, muitas dificuldades, muita fome, mas é através desse caminho
que nós poderemos colocar o pão na mesa”, frisou.
Ary da Costa, 35 anos, é natural do município do Lubango, província da
Huíla, ingressou no Bloco Democrático (BD) em 2021, mas revela que participa da
actividade política partidária desde os 15 anos de idade.
Entre as prioridades definidas durante o seu mandato, Ary da Costa Campos
apontou a saúde, educação, transportes e segurança pública, no quadro da
fiscalização à governação de Manuel Homem na gestão de Luanda.
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