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Ética no exercício da cidadania em angola e a exposição pública – Mâncio Capita

 A responsabilidade do bem comum, da integridade, dos bons valores cívicos e morais, e sobretudo da ética no exercício das nossas ocupações e atividades no quotidiano deveria constituir uma tarefa de todas e todos enquanto membros da mesma metrópole. O exercício da cidadania e a aparição no espaço público mediático não pode e nem deve ser confundido como instrumento de diabolização social ou de más práticas constantes, utilizando assim as redes sociais, e não só, para manifestar e expressar o nosso sentimento de mágoa diante das pessoas. A ninguém devem ser dirigidas palavras ofensivas independentemente da situação em que esteja a passar. É fundamental o respeito às pessoas, e sobretudo àquelas a quem o povo delega a humilde tarefa e missão para os representar, governar ou servir a coisa pública. Apresento o presente texto, para as mais variadas facetas da vida social e como forma de protesto público e de reivindicação; para que haja uma possível reflexão e escrutínio, em torno das nossas práticas e ações enquanto sujeitos e agentes de transformação social.

Há determinadas discussões, posicionamentos, desentendimentos que acontecem na nossa praça que, a meu ver, não poderiam e nem devem ser manifestadas em hasta pública, salvaguardando assim o interesse da coletividade (do bem comum). A mim preocupa-me a integridade das pessoas, penso ser também um dos nossos grandes desafios, e por conta disso, decidi redigir este texto para uma chamada de atenção do problema em questão e em conjunto, à luz dos nossos direitos e deveres consagrados constitucionalmente, propor possíveis soluções do tal fenómeno. Devemos e deveríamos evitar, eliminar, práticas do género uma vez que tal posição pode pôr em causa a reputação de figuras e personalidades da nossa sociedade, e aqui com maior destaque, foco-me nas figuras públicas, face ao maior peso e responsabilidades acrescidas no âmbito da responsabilidade social coletiva.

Meus senhores, saibam que milhares de pessoas e sobretudo crianças vos seguem e ouvem aquilo que vocês proferem e transmitem por intermédio das plataformas digitais e não só, portanto, aconselho-vos a terem mais cuidado nas vossas publicações e posições ao abordar determinadas questões e situações, no espaço público porque muitos carregam uma grande responsabilidade pública, na vossa carreira profissional e até mesmo enquanto fazedores de cultura, e, no entanto, é imperioso este comprometimento.

Aos ativistas, jornalistas, artistas, sindicalistas e defensores de causas sociais. Meus queridos irmãos, saibam lidar com a crítica e o respeito pela diferença, entender que, pelo facto de alguém ter uma opinião diferente e pertencer a uma instituição diferente da sua, não significa ser maior ou melhor que você, podemos, na verdade, ter uma opinião e criticar com boas maneiras e bom tom, devemos evitar sempre ofender as pessoas publicamente, seja ela quem for, penso ser um dos grandes desafios da nossa geração dos noventa. É fundamental que cada um saiba da sua posição e lugar enquanto membros de uma sociedade. A par da componente técnico profissional, a postura e o comprometimento com os valores e princípios éticos determinam aquilo que queremos ser e ter enquanto pessoa que se preze, e que almeja ser alguém na comunidade, levando assim a responsabilidade social coletiva como instrumento de grande passo para a edificação da nossa terra.

Quando falamos em desenvolvimento de um determinado país ou região, temos e devemos levar em consideração vários elementos em causa. O progresso e a evolução do nosso país dependem e dependerá do esforço de todos sem exceção de ninguém, meus caros. O progresso de Angola não se resume única e exclusivamente na criação de políticas de atração de investimento direto estrangeiro ou na criação de programas (PND, PDM, PNOT, PRODESI e tantos outros). Pelo contrário, os mesmos, ao meu entender, constituem de facto e significativamente ferramentas essenciais e imperiosas para a realização do bem-estar comum, uma vez bem implementadas e sobretudo fiscalizadas. Mais do que isso, é necessário e fundamental olharmos para outros elementos como a capacitação do homem angolano nas mais variadas facetas da vida, tal como afirma o documento do executivo (ANGOLA AGENDA 2050). Sendo assim, no caso concreto, a ética e a responsabilidade social coletiva são chamadas também a uma reflexão. Tal como o petróleo serviu e serve de maior receita na dinamização da nossa economia, assim também a moralização e o compromisso com a ética na sociedade angolana constituem elementos bastantes, essenciais na edificação de uma nova Angola.

À semelhança do que estamos a fazer nas obras e em outros projectos de natureza social com dimensão nacional concebidas pelo Estado, é preciso também olharmos para o investimento do homem. Quando falo no homem é no sentido da construção de um homem que seja e será capaz de transformar e ser proprietário do seu próprio destino hoje e amanhã. É mesmo muito urgente olharmos com prioridade para a formação integral do ser humano como fator chave e decisivo do progresso do nosso amado país. Meus senhores e minhas senhoras, o futuro deste país depende e dependerá grandemente da formação integral do homem angolano, daí o termo integral no sentido de não vermos apenas a componente profissional que é parte deste desiderato, mas sobretudo um olhar na vertente ética, ou seja, no modo de ser e estar.
Também entendo que este meu ponto de vista não é absoluto, ou seja, é uma mera contribuição para aquilo que se pretende ser e fazer. Estes dois elementos concorrem muito para o desenvolvimento do nosso país, o modo de agir do ser angolano terá e tem uma grande influência nas tomadas de decisão sobre o destino deste país e até mesmo sobre outros campos da vida. Portanto, a formação constitui um alicerce para o nosso destino e para aquilo que se pretende.

As crianças, os adolescentes e sobretudo os jovens devem estar comprometidos com a moral, ou seja, em ser homens de valor, que saibam se preocupar com os outros, que amem mais e tenham o sentido de dever para com a nação, que sejamos sensíveis com o próximo, porque, mais do que conhecer o passado e viver o presente, é necessário pensar o futuro, daí a razão do início da luta armada, honra e glória aos nossos heróis que lutaram para que tenhamos vida e vida em abundância… para que sejamos proprietários e donos do nosso próprio destino, a eles o nosso respeito e admiração.

Aos responsáveis, chefias, empregados, trabalhadores e subordinados, quer no sector público, quer no privado e em todas as esferas da sociedade, somos chamados a ter uma postura diferente diante de determinadas circunstancias das nossas vidas e que possamos nos comprometer com a ética, a moral e a arte do bem fazer para nosso bem comum, mas para tal é imperioso um olhar para a edificação do homem angolano. A responsabilidade social coletiva, a ética no exercício da cidadania e a exposição pública incidem com maior destaque para aqueles ás quais eu chamo de autores e atores da transformação; os autores da transformação são todos aqueles seres socialmente muito ativos quer na cultura, política, desportos, cinema, e em outros campos da vida social, portanto, todos aqueles que têm uma expressão e exposição mediática diante da sociedade e, sobretudo, aqueles que têm cargos de responsabilidade pública no país.

É preciso que nós tenhamos noção da nossa responsabilidade social, usar sempre o nosso poder e influência na sociedade para um destino diferente. Podemos e devemos ter a capacidade de transformação social muito forte e sermos obviamente os primeiros na linha da frente naquilo que se pretende e se quer (forma de agir e estar). Daí, a chamada de atenção para as nossas posições públicas e a vida no dia-a-dia. Muitos dos jovens e crianças são influenciadas por nós os adultos, ou até mesmo muitas das vezes pelos artistas, apresentadores, radialistas, músicos, professores e não só então, exímios compatriotas, é fundamental prestar atenção no que dizer, como dizer e fazer, e ao publicar, porque muitos deles servem de referência e modelo dos jovens e crianças, sobretudo aos músicos aqui vai a minha dica: sociedade angolana precisa de boas referências, boas práticas, bons conteúdos, portanto, não é possível transformar uma sociedade sem pessoas comprometidas, sobretudo, com a moral.

Ética da Responsabilidade no Exercício da Cidadania

“A ética é referente a princípios pelos quais se avalia o comportamento como certo e errado, bom ou mau. É também referente a normas bem fundadas (certo e errado) e indica o que os seres humanos deveriam fazer. Ética é um esforço contínuo de luta para garantir as pessoas e as instituições às quais dão forma, correspondem a normas com fundamentos sólidos e razoáveis. O ser ético significa pensar e agir de forma correta a partir de valores estabelecidos e aceites pela sociedade em que se está inserido. A ética tem como propósito a orientação do agir humano, na relação do sujeito como a sua própria vida, na relação com os outros, na vida comunitária e sobretudo na relação do homem e da mulher com a mãe natureza. Orienta e leva-nos a proporcionar critérios para as múltiplas opções que somos obrigados a fazer na vida, indica-nos modos privilegiados de optar e de agir e vem acompanhado da justificação dessa maneira do agir. A ética leva-nos à responsabilidade coletiva e pessoal, e, por sua vez, a responsabilidade leva-nos ao comportamento em realizar e fazer ações no campo prático do bem-estar da nossa pátria e o no interesse do bem comum’’.

É preciso e necessário que se potencialize, não apenas no valor, mas também com valores (os novos valores), ajudá-los a fazer diferente sempre e serem, sobretudo na sua integração social, pessoas de valores. Devemos apoiar, valorizar, incentivar as boas práticas e a prosseguirem com a suas aspirações e carreiras quer profissional quer artística. Temos que nos focar e discutir coisas construtivas, essências da nossa vida, às vezes vejo e assisto muita perda de tempo dos jovens a discutir futilidades nalguns espaços da nossa comunidade, penso que deveríamos nos focar no essencial, em dar soluções e trazer propostas de realização da vida das pessoas, não podemos perder tempo com coisas que não nos engradecem ou acrescem valores em nós, pensar sempre positivo, esperar sempre, humildade e mais humildade, evite ser arrogante com os semelhantes, seja paciente, a esperança tudo alcança.

Apelo à Sociedade Civil Angolana

É e será inevitável o progresso do nosso país e consequentemente do continente africano, nas mais variadas áreas, mas é preciso muito comprometimento, seriedade e responsabilidade das pessoas em todos os lugares em que estivermos e assumirmos com propósitos bem definidos. Vamos todos trabalhar, colaborar e dedicarmo-nos àquilo que somos e fazemos para o bem pessoal e comum, nada cairá do céu, é necessário engajamento, profissionalismo, competência e muitas vezes esforços em prol daquilo que queremos alcançar, é preciso ter um histórico profissional de carreira, não viva da aparência e não seja influenciado pela negativa, saiba fazer escolhas e tire sempre proveito de boas coisas, seja você mesmo, estude sempre o que vai abordar e discutir, defendendo assim sempre a sua posição enquanto cidadão.

Caro irmão, não tenha pressa, mas claro, se apresse! Fique calmo! Também vai ser e ter, trabalhe e mantenha sempre o foco e tudo será realizado, saiba fazer escolhas de amizades e tenha muito cuidado nas tuas decisões porque, em última instância, tudo se reflete em você, não viva segundo o fulano ou a fulana.

O desenvolvimento não tem só haver com a busca diversificada de receita ou industrialização, mas também com a postura e tomada de decisões do cidadão diante dos problemas. Sejamos honestos, sinceros e sobretudo dedicados na realização das nossas práticas no dia-a-dia, enquanto senhoras e senhores do nosso próprio destino, sejamos disciplinados e comprometidos com princípios de vida.

Apelo à sociedade civil, a unidade sempre, ao respeito pela diferença e ao princípio do contraditório nas redes sociais, órgãos de imprensa, ativistas, jornalistas, juristas, taxistas, e tenhamos muito cuidado e controlo no que postamos e partilhamos nas redes sociais, porque muitas das vezes define quem somos, uma pessoa boa de coração limpo e educada não usa as redes para fins inconfessos e que podem lhe causar prejuízos à sua vida profissional e quiçá moral, portanto tenhamos muito cuidado com as exposições e o aparecer. Nem tudo o que nos apetece convém, cautela, nas nossas publicações e exposições, você não sabe o quanto está a ser escrutinado ou vigiado pela sociedade, no entanto, todo o cuidado e serenidade é necessário.

Hoje em dia, até as empresas já visitam as redes sociais dos empregados para vigiar o grau e forma de estar dos seus trabalhadores, por isso tenha o autocontrolo, policiasse e não perderá nada.

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