Ticker

10/recent/ticker-posts

Viriato da Cruz era profundamente anti-racista

 Viriato da Cruz era profundamente anti- racista, ao contrário da grande maioria da direcção do MPLA, que destilava um enorme complexo de superioridade, recusando- se a participar numa luta de liberação dirigida por negros, que eles consideravam como, gentios e atrasados. Agostinho Neto era, segundo estes cânones racista, a excepção à regra, a personificação do que o colonialismo português desejará para Angola, o seu prolongamento: um preto assimilado, casado com uma branca, com filhos mesticos. 

Era a teoria da singularidade do mundo português, do pretenso adiantamento da raça, a  teoria da inevitabilidade do neocolonialismo, do menosprezo e subvalorizacao da cultura Africana e da raça negra. Foi este o grito de denúncia de Viriato da Cruz, que num repente, compreendeu às razões da desconfiança e das reticências da UPA/FNLA em relação ao MPLA. 

Quando no pós- independência, ouvi os relatos das dezenas de milhares de mortes provocados no regime monolítico de Agostinho Neto, pelo 27 de Maio de 1977, a tentativa de exterminar os quadros e toda a inteligência negra, (felizmente, frustrada)não deixei de lembrar-me que este foi o temor que, tanto Eu, como Viriato procuramos evitar. Foi a concretização do sonho de Lúcio Lara e os seus apaniguados. Agostinho Neto despertou tarde para o pesadelo. Foi a factura a pagar por ser o "preto civilizado, o bom preto ",de ter sido o espantalho da criolidade reinante. 

Por outro lado, contrariamente a direcção do MPLA, que não admitia a participação na luta de libertação nacional, a menos que fosse, em posição de domínio sobre as outras forças nacionalistas, Viriato da Cruz, sempre defendeu uma união plural, sem diluição de nenhuma parte. 


Enviar um comentário

0 Comentários