O embaixador norte-americano, Tulinabo Mushingi, mostrou os dotes de dançarino à entrada no último concerto do Eleanor Quartet, realizado no anfiteatro Wyza na noite de sábado, na Fundação Arte e Cultura, Ilha de Luanda.
Na ocasião o embaixador dos Estados Unidos da
América,Tulinabo Mushingi, afirmou que a música é um meio poderoso para apoiar
valores democráticos.
O evento foi uma realização da Embaixada dos Estados
Unidos em Angola e ficou marcado pela fusão do jazz com a música angolana, com
as presenças de Patrícia Faria, Carlos Lopes, Afrikanitha, Lio Francis e a
Banda Weya.
O ministro da Cultura, Filipe Zau, membros do corpo diplomático e convidados assistiram ao concerto. No discurso de abertura, Tulinabo Mushingi, o anfitrião, destacou a importância do intercâmbio cultural e da universalidade da linguagem musical para aproximar povos e nações.
O diplomata também exaltou a qualidade e a
criatividade dos artistas e músicos angolanos.
" Hoje, à noite juntamo-nos para celebrar o jazz,
um estilo musical que reflecte décadas de intercâmbio cultural entre os Estados
Unidos da América e África. Celebramos também a música como um meio
poderoso para apoiar valores democráticos como a liberdade, igualdade e
justiça", enfatizou o diplomata.
Tulinabo Mushingi destacou, por exemplo, a música Mona
Ki Ngi Xiça, do álbum Angola 72, de Bonga, que se tornou um símbolo de resistência
contra o domínio colonial português e contribuiu para a luta de Angola pela
Independência.
O diplomata fez ainda referência ao clássico
"What’s going on”, do norte-americano Marvin Gaye, que aborda questões de
guerra, pobreza e injustiça racial , inspirando uma geração a procurar por
mudanças.
O diplomata defendeu que a música é a língua do mundo
e que pode unir diferentes países e culturas. "Nós estamos
muito felizes ao misturar jazz, kizomba, semba, mas também é uma mistura de
pessoas, e isso faz muito bem. Então, o povo americano vai continuar a
acompanhar a juventude angolana, mas também os artistas
angolanos, para que continuem a promover esta boa cultura de
Angola”, prometeu.
O ministro da Cultura, Filipe Zau, falou da
importância do intercâmbio entre os artistas e das trocas culturais. O
governante frisou que está atento a uma nova geração de instrumentistas
nacionais que tocam tudo e absorvem a linguagem do jazz. "Quando vejo a
actuação de Nino Jazz, Mário Gomes, Dimbo Makiesse, músicos de Cabinda,
Benguela e Huíla, vejo toda a gente. Espero que esta juventude estude música
para desenvolver os nossos vários estilos", pediu o ministro.
Semba, kizomba e kilapanga marcaram o momento de união
musical entre angolanos e norte-americanos.
Ao som de "Kimbange", de Patrícia Faria,
"Suzana", com Afrikanitha, "Olongombe", de Carlos Lopes, e
"Rosa Baila", de Eduardo Paím, nos estilos semba, kilapanga e
kizomba, os integrantes do Eleanor Quartet encerraram a digressão em Angola, no
concerto realizado na noite de sábado no anfiteatro Wyza, da Fundação Arte e
Cultura, na Ilha de Luanda.
As boas-vindas ao evento estiveram a cargo dos alunos
de Percussão e da Dança da Fundação Arte e Cultura. A primeira proposta musical
em palco foi com a Banda Weza, com uma incursão pelo smothjazz, com temas
instrumentais.
Patrícia Faria apresentou-se com um quarteto e abriu
com um blues com alma angolana, um lamento. A artista foi citada pelo
embaixador norte-americano pelo contributo na visibilidade das mulheres no
semba e em palco "riscou" em inglês, para apresentar o estilo que
defende. Fechou em apoteose com "Kimbange" e nem mesmo o assistente
do embaixador Mushingi resistiu, subindo ao palco embalado pelo
ritmo da cantora.
Carlos Lopes foi referenciado como inovador pelo
embaixador Tulinabo Mushingi e provou a junção dos povos de Angola ao som de
"Olongombe", tema de recolha Mucubal que o artista estilizou e teve o
acompanhamento dos norte-americanos, que pegaram nos arranjos do kilapanga e
mostraram que a música é, de facto, um poderoso instrumento de unidade e de
democracia cultural.
Para terminar, o engenheiro Carlos Lopes fez dançar o
grande público com "Kuito", uma obra que carrega os tempos da guerra
civil.
Afrikanitha, antiga participante do programa de
Liderança para Visitantes Internacionais do Governo Americano, representou o
cruzamento entre os ritmos dos dois países. Como primeiro tema de Belita Palma
foi buscar "Suzana" e depois um standart de jazz, com o
jovem guitarrista Dimitri.
Eduardo Paím, o convidado surpresa, ainda na ressaca
da festa dos 60 anos, fez vibrar a plateia, ao cantar "Rosa Baila",
apreciado pelo compositor Filipe Zau, autor da obra. Foi um momento de kizomba
com o suporte instrumental dos norte-americanos.
O último momento foi reservado ao Eleanor Quartet,
formação constituída pelo guitarrista argentino Dário Acosta, Benhur Oliveira,
baterista brasileiro, e o baixista norte-americano, Michael Ochien, e de
Eleanor Dubinsky, guitarrista, vocalista e violoncelista.
A actuação da cantora americana começou com
"Feeling Good", na sequência de temas como "Dont you worry about
a thing", "Casa flutuante", "Corcovado", "Swing
thing" e outros temas musicais, numa viagem que encerrou com "Escuta
a música", tema que ficou nos ouvidos dos angolanos.
A partilha com os angolanos ficou marcada na fusão
entre "Humbi Humbi” e "Autum Leaves", com Dimbo Makiesse no
piano, e depois em "Chega de Saudade", com o jazzlover e crítico
Jerónimo Belo a fazer o dueto com Eleanor, ambos acompanhados por Dimbo
Makiesse e o saxofonista Jean Renan. Com Afrikkanitha, ambas cantaram
"Poema do Semba".
Queremos atingir outras audiências
Benjamin Stevenson é o adido de Cultura da Embaixada
dos Estados Unidos da América em Angola e fez um rescaldo da digressão.
"Nós achamos que este intercâmbio intercultural é mais do que uma troca de
ideias, é uma maneira para empoderar os jovens músicos, para seguirem carreira
sem a gente e para dar as ferramentas precisas para eles poderem ter sucesso”,
ressaltou.
"Nós queremos que a música angolana possa ser
exportada para o mundo inteiro e atingir audiências diferentes, por isso
trabalhamos com os meninos do projecto CERMA, na Funu, com os estudantes do
Complexo de Arte CEART e na Casa de Cultura Njinga Mbande, do Rangel. Achamos
que é muito importante dar oportunidade às pessoas para aprenderem
música", referiu.
O diplomata afirmou que a escolha recaiu neste grupo
de músicos porque são projectos interessantes. "Têm ajudado na preservação
da cultura de Angola, porque eles trabalham com instrumentos e músicas
tradicionais com as novas gerações".
Benjamin Stevenson acrescentou que "a digressão é
uma boa oportunidade para fazer diplomacia. Como músico também vivi um sonho,
ter tocado com Eduardo Paím".
A cantora Eleanor Dubinsky deixou ontem o país, com os
integrantes da sua banda.
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