O Secretário-Geral das Nações Unidas pediu contenção máxima, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança, para evitar uma catástrofe, alegando que “a paz e a segurança estão a ser minadas e que nem a região, nem o mundo, podem permitir mais guerras”.
António Guterres insistiu na "responsabilidade comum” que a comunidade internacional tem de evitar uma escalada entre o Irão e Israel, alcançar um cessar-fogo em Gaza, garantir a libertação dos reféns detidos pelo Hamas e prevenir uma deterioração da situação na Cisjordânia.
"É tempo de recuar da beira do precipício”, afirmou o Secretário-Geral da ONU, no domingo, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança. "É vital evitar qualquer acção que possa levar a grandes confrontos militares em várias frentes no Médio Oriente. Os civis já estão a suportar o peso e a pagar o preço mais elevado. E temos a responsabilidade comum de envolver, activamente, todas as partes interessadas para evitar uma nova escalada ", declarou Guterres, citado pela imprensa ocidental.
Sublinhou que o Direito internacional proíbe
"acções de retaliação que incluam o uso da força”. O aviso parece dirigido
tanto ao Irão - que justificou o ataque de sábado como um acto de retaliação
pelo bombardeamento do seu consulado em Damasco - quanto a Israel, que disse
que se reserva o direito de resposta aos ataques iranianos.
Já o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, exige
que o Conselho de Segurança condene veementemente o ataque e avance com medidas
contra o Irão, incluindo a designação do Corpo da Guarda Revolucionária
Islâmica como organização terrorista, e imponha sanções.
A China, por sua vez, voltou a apelar à contenção de
todas as partes, depois de o Irão ter disparado, no sábado, dezenas de veículos
aéreos não tripulados ("drones”) e mísseis contra Israel. "A China
apela às partes para que mantenham a calma e a contenção para evitar uma nova
escalada das tensões”, respondeu o porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Lin Jian, quando questionado sobre se a China está preocupada em
ser arrastada para um conflito.
Na semana passada, o Ministro dos Negócios
Estrangeiros chinês, Wang Yi, condenou "veementemente” o ataque atribuído
a Israel ao consulado iraniano em Damasco, numa conversa com o secretário de
Estado norte-americano, Antony Blinken, na qual apelou, também, ao respeito
pela soberania do Irão e da Síria.
Durante a conversa, Wang sublinhou a
"inviolabilidade” das instituições diplomáticas. A China reiterou que o
recente aumento das tensões é "uma extensão” do conflito em Gaza e que,
por conseguinte, a "prioridade imediata” é "acalmar a situação” nessa
zona.
Representante da Rússia no Conselho de
Segurança
O representante permanente da Rússia na ONU
classificou os discursos dos representantes ocidentais na reunião do Conselho
de Segurança sobre o ataque do Irão a Israel como um desfile de hipocrisia.
"Quando os senhores e eu nos reunimos nesta sala, a 2 de Abril, para
discutir o ataque israelita às instalações consulares da República Islâmica do
Irão em Damasco, alertamos que era necessário um forte sinal unificado do
Conselho sobre a inadmissibilidade de tais acções. Não apenas contra o Irão ou
a Síria, e não apenas no Oriente Médio – em qualquer lugar do mundo”, apontou
Vasily Nebenzya.
"Pedimos aos nossos colegas do Conselho de
Segurança que condenassem de forma clara e inequívoca essas medidas imprudentes
para que elas não se repitam. Também alertamos que, caso contrário, os riscos
de tal recorrência, bem como a escalada na região como um todo, se
multiplicarão.
Até propusemos à imprensa um exemplo de declaração
relevante do Conselho de Segurança da ONU, que foi elaborada com base numa
linguagem despolitizada padrão para esses casos”, disse.
"Os EUA, o Reino Unido e a França recusaram-se
então, essencialmente, a confirmar que os princípios básicos da lei
internacional sobre a inviolabilidade das instalações diplomáticas e
consulares, consagrados nas convenções de Viena relevantes, se aplicam,
igualmente, a todos os Estados. O resultado, como eles dizem, é óbvio.”
"Vocês sabem muito bem que um ataque a uma missão
diplomática é um "casus belli” de acordo com o direito internacional”,
rematou o embaixador russo na ONU.
Por sua vez, o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid
Iravani, afirmou, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança, que
está preparado para o caso de os EUA iniciarem uma operação militar contra o
Irão. "Se os Estados Unidos iniciarem uma acção militar contra o Irão, os
seus cidadãos ou os seus interesses, o Irão exercerá o seu direito de responder
proporcionalmente”, realçou Amir Saeid Iravani.
Forças norte-americanas estão do lado de
Israel
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John
Kirby, disse, no domingo, à NBC News, que os Estados Unidos vão continuar a
apoiar Israel, mas não vão participar numa eventual resposta israelita contra o
Irão.
Kirby avançou que o Presidente norte-americano, Joe
Biden, não quer uma escalada no conflito regional ou uma "guerra mais
ampla” com o Irão, e está a "trabalhar, pessoalmente, no campo
diplomático”.
"O Presidente tem sido muito claro. Não
procuramos uma guerra com o Irão. Não estamos à procura de uma escalada aqui.
Continuaremos a ajudar Israel a defender-se”, reiterou o porta-voz
da Casa Branca.
Durante a reunião do Conselho de Segurança da
ONU, o embaixador do Irão, Amir Saeid Jalil Iravani, também deixou muito claro
que o seu país "não tem intenção de entrar em conflito com os Estados
Unidos na região”.
França interceptou mísseis iranianos
A França interceptou mísseis e 'drones' iranianos
apontados a Israel, no sábado, a pedido da Jordânia, disse, ontem, o Presidente
francês, Emmanuel Macron, que quer "fazer tudo o que for possível para
evitar uma conflagração” no Médio Oriente.
"Temos uma base aérea na Jordânia (...). O espaço
aéreo jordano foi violado por estes ataques. Enviámos os nossos aviões para o
ar e interceptámos o que tínhamos de interceptar”, declarou Emmanuel Macron,
aos canais BFMTV-RMC, citados pelo Notícias ao Minuto.
0 Comentários