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Ricos sem rostos - Dani Costa

 Estamos longe dos tempos em que muitos se arrogavam usar a frase ‘dinheiro é capim’. Há muito que tem sido atribuído aos malanjinos, mas, na verdade, ao longo dos anos, muitos foram os que utilizaram tal tirada, até mesmo aqueles que o faziam de forma jocosa.

Nestes dias de crise financeira, há quem diga que nem sequer as moedas de troco hoje são poupadas em muitos lares. Por isso, engane-se quem pense, nem mesmo teoricamente, que se pode viver diariamente com apenas os famosos 500 Kwanzas.

Enquanto a maioria dos angolanos faz contas à vida, na última semana voltaram a surgir informações sobre a existência de um número acentuável de ricos, milionários e até bilionários em Angola, particularmente na sua capital Luanda.

Informações apócrifas ou não, os dados apontam para uma presença de 1.800 milionários e quatro bilionários, segundo estudos da Knight Frank. A capital de Angola aparece em 10.º lugar, depois de Joanesburgo, Cairo, Cidade do Cabo, Lagos, Nairobi, Durban, Casablanca e Pretória.

É uma bênção ter ricos, milionários e bilionários num país. Deve ser motivo de alegria porque, em princípio, deveria representar prosperidade e criação de oportunidades várias, incluindo postos de trabalho que poderiam diminuir as estatísticas sobre o desemprego.

Longe de ser uma bênção, há muito que se sabe que alguns atingiram tal posição de milionários por não terem resistido sequer àquilo que sempre se supôs ser público. Só por isso quase que nem se sabe quem são os nossos milionários e bilionários de viva voz, tampouco as áreas em que têm investido nem os números estatísticos de postos de trabalho que têm criado.

Lembro-me como fosse hoje do escárnio que representou para muitos, incluindo políticos, a publicação de uma lista de ricos por um jornal privado hoje já não existente. Houve quem tivesse partido inclusive para a via judicial por ter visto o nome incluído.

Ressalvas sejam feitas ao empresário Mello Xavier que dissera, na altura, que os mais de 50 milhões de dólares que lhe eram apontados serem poucos, porque tinha muito mais. E neste capítulo, anos depois também Abel Chivuvukuku avançara que era um homem rico.

Cerca de dois mil milionários em Luanda é um número acentuado. Se todos investissem aqui, com certeza que se sentiria os efeitos positivos, nem os rostos seriam desconhecidos à semelhança do que se faz noutros pontos do mundo.

Há uma semana, por exemplo, o homem mais rico da Índia, Mukeshi Ambani, casou o seu filho e levou para este país milhares de convidados, entre os quais os mais endinheirados do planeta. Deu uma festança em que até a Rihanna recebeu 9 milhões de dólares por uma actuação. Entre nós, se muitos fizessem benfeitorias no país, talvez a população os visse pelo lado bom e não o contrário, o que faz com que uma maioria destes quase dois mil milionários angolanos se mantenham quase sempre sem rostos.

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