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EU SOU O CALEBE, TENTEI EXPLICAR SOBRE O FALSO ALARME MAIS NINGUÉM ME DEU OUVIDO

 Vi-me deitado no chão com os olhos fechados para Deus. Não sei o porquê e como tinha chegado ali. Havia um líquido que escorria no chão vindo do meu corpo. Havia também objectos como blocos, paus, garrafas... Todos os órgãos internos do meu corpo pareciam estar em desarmonia.

Meus olhos cansados e desfigurados aguardavam por um bom samaritano. Enquanto isso, mil coisas se passavam na minha mente: pensei no relatório que jamais entregarei à Direção do Angofoot. Da dívida que jamais receberei de quem depositei confiança. Da igreja que jamais frequentarei. Da voz que jamais usarei para cantar louvores ao Senhor.

 Da minha família, amigos, colegas e vizinhos que não tive a oportunidade de me despedir. E de todos aqueles que, directa e indiretamente, buscavam inspiração em mim. Por instante, pensei que aquele corpo estendido no chão não fosse meu. Ou ainda, tudo aquilo fosse apenas cena de um filme da Hollywood. Tentei reanimar a minha alma. Verifiquei se o coração ainda bombeava. Tentei dar vida nos meus braços, infelizmente, estavam despedaçados.

 Até então, a minha fé estava intacta enquanto os bons samaritanos demoravam chegar. Confesso que soltei um suspiro quando a ajuda chegou. Afinal, eu ainda tinha os meus sinais vitais. Fui levado às pressas à casa dos kimbandeiros científicos. Entrei em cuidados intensivos. Deram-me sopa. Deram-me água. Deram-me carinho. Deram-me todo apoio necessário.

 Horas depois, comecei a sentir projeções astrais. Era eu a levitar perto do meu corpo. Lamentavelmente, apesar do socorro recebido, o meu corpo já não tinha condições para suportar a dor. Vi-me partir de mãos vazias levando comigo apenas as lembranças. Quando despertei do sono, estava vestido de bata branca junto dos anjos que me deram boas vindas no céu.


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