O especialista angolano em Relações Internacionais Almeida Henriques afirmou recentemente, em entrevista ao Grupo de Mídia da China (CMG, sigla em inglês), que Angola e a República Popular da China mantêm relações de cooperação mutuamente vantajosas. Ele lembrou que as relações entre os dois países são de longa data, enquanto falava no âmbito de uma análise dos 41 anos de cooperação política e diplomática.
“Podemos dividir o histórico da
relação entre os dois países em dois grandes estágios: estamos a falar do
período em que Angola alcançou a paz e procurava ter doadores ou parceiros. Na
altura, solicitou uma Conferência de Doadores, mas vários países ocidentais
entendiam que Angola não precisava dessa conferência, porque tinha capacidade
suficiente para seguir em frente e dar solução aos problemas que enfrentava”,
disse.
Para o especialista angolano, as relações entre os países remontam ao período da busca pela liberdade dos seus povos, assegurando ter sido após o ano de 2002, com o fim da guerra em Angola, que as relações se tornaram mais reforçadas.
“O ocidente não deu uma resposta positiva a Angola, quando o país mais
precisava naquele momento, de encontrar mecanismos para começar o seu processo
de reconstrução nacional e reconciliação e a necessidade de fundos suficientes
para conseguir satisfazer estes objetivos”, referiu.
Almeida Henriques esclareceu ter sido o governo da República Popular da China
que, sob todos os riscos, estendeu as mãos ao governo angolano, tendo começado
daí uma nova relação de cooperação, como parceiro estratégico, em que a China
passou a apoiar Angola nos seus principais interesses.
Entre as primeiras e grandes ações desenvolvidas pela China, recordou o
especialista, foram os investimentos na construção de infraestruturas
ferroviárias e rodoviárias, bem como de barragens, que estão a ajudar a
facilitar o processo de desenvolvimento sustentável de Angola.
“Porque sem energia não há indústria, e sem espaço para mobilidade também não
há escoamento de produtos”, argumentou Henriques, para em seguida esclarecer
que a China não está apenas ligada ao interesse económico, mas também em
cooperações nos âmbitos de Ciência, Cultura e Tecnologia.
“O Instituto Confúcio, como sabemos, tem promovido eventos importantes e formações para cativar a juventude angolana interessada na aprendizagem do mandarim e da cultura chinesa. Por outro lado, temos vindo a observar que entre os dois Estados tem havido um intercâmbio mais ativo, em torno daquilo que são as nossas sociedades”, frisou.
Henriques salientou, ainda, que Angola é o principal parceiro económico da China, no âmbito da indústria petrolífera, sendo que o Estado angolano é dos africanos que mais petróleo exporta para a China, razão pela qual se deve reconhecer a importância comercial do gigante asiático.
“Angola e a China mantêm relações mutuamente vantajosas. Na relação entre os
Estados chinês e angolano tem havido um esforço muito grande dos presidentes
João Lourenço e Xi Jinping, no sentido de não travar as cooperações, porque são
fundamentais, sobretudo se entendermos que, desde 2002, o investimento chinês
tem sido o desejável para Angola”, afirmou.
Especialista destaca troca de experiência entre intelectuais chineses e
angolanos
Almeida Henriques disse que Angola e a República Popular da China têm
desenvolvido trabalhos conjuntos que atestam muito bem a consolidação da
relação de cooperação estabelecida há mais de quatro décadas.
“Este é um dos exemplos daquilo que podemos olhar desta boa relação entre
os países. O Acordo sobre a Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos
(APPRI) que foi assinado entre Angola e a China, tendo o Presidente João
Lourenço sido representado pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António,
em Pequim, para promoção e proteção recíproca de investimentos. Este convênio
envolve um ganho político, económico e, também, comercial muito importante para
os dois Estados”, explicou.
O especialista angolano destacou, ainda, o facto de, nas relações entre a China
e Angola, haver a iniciativa do Estado chinês em atrair intelectuais angolanos,
académicos e estudantes para trocarem experiências com estudantes chineses,
convidando académicos ou professores angolanos para participarem em Fóruns na
China.
Segundo Henriques, essa demonstração de abertura da China ajuda a perceber que
Angola está presente em uma parceria estratégica que vai dar frutos, que são
devidamente identificados por meio de múltiplos investimentos que o país vai
ganhando, a exemplo do novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto,
que tem a mão da construção chinesa, a Central Hidroelétrica de Caculo Cabaça e
o Porto do Caio, em Cabinda.
“São várias as ajudas que a China vem prestando a Angola, no sentido de erguer
os alicerces que precisamos para o desenvolvimento do país. Não nos podemos
esquecer desses detalhes todos, sobretudo para valorizarmos os esforços que têm
sido desenvolvidos pelo Estado angolano dentro desta cooperação com a República
Popular da China, tendo em vista a garantia de melhores condições de vida para
o povo angolano”, esclareceu.
0 Comentários