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Regime usa avião presidencial para repatriamento de "Man Gena"

 O governo de Moçambique repatriou de forma coerciva o angolano Gerson Emanuel Quintas, mais conhecido como Man Gena, e Clemência Suzete Vumi, acompanhada por dois filhos menores, por alegada entrada e permanência irregular naquele país.

Em Moçambique desde o início de 2023, “Man Gena” foi transportado de Maputo para Luanda numa aeronave de marca Dash-8, à disposição da presidência angolana, numa operação que, segundo especialistas contactados pelo Club-K, terá custado mais de 50 mil dólares para a sua transportação, incluindo custo de aterragem/saída (USD 9 mil), combustível (USD 15 mil), tripulação, plano de voo, e outras despesas.

Na mesma aeronave foi igualmente deportado um cidadão angolano, Higino Duarte Regal, também identificado como Carlos Eduardo Monteiro, que estava foragido no exterior depois do incumprimento de uma condenação em Angola por tráfico de drogas.

“Man Gena” fugiu de Angola no ano passado alegando que a sua vida estaria em risco depois de ter feito graves denúncias implicando altos funcionários do SIC no envolvimento em tráfico de drogas.


O também antigo praticante de hóquei em patins do Clube Primeiro de Agosto viajou por via terrestre de Angola até chegar a Maputo sem documentação nenhuma.

Em 2 de março de 2023, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) instou as autoridades a cumprirem as convenções internacionais sobre refugiados no caso do denunciante angolano “Man Gena” e sua família, invocando que uma eventual deportação dos quatro cidadãos angolanos sem o cumprimento da lei seria ainda mais grave, especialmente se os visados tivessem solicitado asilo em Moçambique.

No entanto, em 4 de março de 2023, as autoridades da Migração em Moçambique garantiram que não iriam extraditar Man Gena.

Paralelamente, uma fonte do SIC-Angola citada pela VOA garantiu que o regime angolano não pediu a extradição do angolano “Man Gena” detido em Moçambique, mas não descartou a possibilidade de ele ser expulso por entrada ilegal nesse país.

Passados vários meses, o Serviço Nacional de Imigração de Moçambique (SENAMI) justificou o repatriamento de “Man Gena” por alegada entrada e permanência irregular naquele país. Porém, ao contrário dos argumentos anteriores de Angola, o uso de um avião da presidência angolana para trazer Gerson Quintas indica que terá sido Luanda que solicitou o seu repatriamento, especialmente num dia de domingo para propositadamente não dar espaço aos seus advogados moçambicanos para darem andamento a uma providência cautelar para impedir a viagem.

Fontes em Angola disseram ao Club-K que Eugénio Gerson Quintas “Man Gena” vai ser acusado do crime de injúrias e difamação contra as entidades por ter acusado dirigentes angolanos de estarem ligados ao tráfico de drogas. Além deste caso, “Man Gena” enfrenta um outro processo movido por Pablo Ouro, líder do designado “partido HDA”. A esposa, Clemência Suzete Vumi, que se encontra grávida de 8/9 meses, vai ser também acusada pelos crimes de injúrias. O casal estará sob custodia do SIC-Luanda.

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