A recente reuniĂŁo do ComitĂ© de PolĂtica MonetĂĄria do Banco Nacional de Angola (CPM/BNA) tomou importantes decisĂ”es sobre a estabilidade da moeda e dos principais indicadores.
Contudo, os especialistas em mercados financeiros são quase unùnimes em admitir que foram assumidas medidas corajosas, porém pouco ousadas, tendo em linha de conta a crescente inflação (preço da moeda).
"à de realçar ainda que estas medidas são tomadas
em função da conjuntura internacional, bem como a nacional, depois de
analisados todos os indicadores macroeconĂłmicos”, disse.
JĂĄ o professor Vladimir Carlos entende que aumentar as
reservas obrigatĂłrias em moeda nacional para 20 por cento significa criar
condiçÔes de liquidez e diminuir a necessidade de fundos face aos recursos
necessårios. Para o académico, isso faz com que haja maior regulação e maior
eficiĂȘncia.
Por sua vez, o economista e docente universitĂĄrio
Wilson Chimoco valoriza as decisÔes assumidas, admitindo que poderiam ser mais
ousadas, sobretudo para se começar a baixar a inflação.
Lembrar que nas reuniÔes dos dias 18 e 19, o Comité de
PolĂtica MonetĂĄria do Banco Nacional de Angola deliberou manter a Taxa BNA em
18 % (dezoito por cento); manter a taxa de juro da Facilidade Permanente de
CedĂȘncia de Liquidez em 18,5% (dezoito vĂrgula cinco por cento); manter a taxa
de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 17,5% (dezassete
vĂrgula cinco por cento) e aumentar o coeficiente das reservas obrigatĂłrias em
moeda nacional para 20% (vinte por cento).
Daniel Tendo,Docente de Economia PolĂtica e Africana
Medidas podem não impactar positivamente no controlo da inflação
O ComitĂ© de PolĂtica MonetĂĄria(CPM) Ă© o
ĂłrgĂŁo do Banco Nacional de Angola(BNA) que tem a missĂŁo de formular a PolĂtica
Monetåria e Cambial, cabendo-lhe também analisar e decidir sobre todas as
matérias com ela relacionadas, bem como decidir sobre as taxas de juro
directoras, incluindo a taxa do Banco Nacional de Angola, tendo em vista a
preservação do valor da moeda nacional e o alcance de um nĂvel de inflação
reduzido e estĂĄvel.
Na Ășltima reuniĂŁo, o CPM do Banco Nacional de Angola
decidiu manter a taxa de juros directora (taxa BNA) em 18 por cento, a taxa de
juros da facilidade permanente de cedĂȘncia de liquidez em 18,5 por cento, bem
como a taxa de juros da facilidade permanente de absorção de liquidez em 17,5
por cento. Com esta decisĂŁo, o BNA acredita que as actuais medidas garantem o
nĂvel de liquidez que a nossa economia precisa, acredita tambĂ©m que a
actividade de intermediação financeira Ă© eficiente, a taxa de cedĂȘncia estimula
o investimento, assim como a estabilidade cambial e inflacionĂĄria sem colocar
em causa o investimento feito Ă nossa economia, bem como os eventuais riscos ao
crédito. Por outro lado, o BNA, ao aumentar o coeficiente das reservas
obrigatĂłrias em moeda nacional para 20 por cento, entende que hĂĄ necessidade de
elevar e adequar o nĂvel de liquidez Ă actividade econĂłmica.
A incerteza paira se de facto esta medida vai impactar
positivamente no controlo da taxa de inflação, atendendo à complexidade do tipo
de inflação predominante no mercado angolano.
O actual ambiente econĂłmico nĂŁo exige, de certo modo,
uma posição diferente da actual, por parte do BNA, pois muitas delas são
resultantes das distorçÔes e falhas do mercado interno, bem como da
dependĂȘncia, atĂ© certo ponto, do mercado internacional, pois, nestes casos, a
ponderação e cautela devem ser palavras de ordem.
à de realçar ainda que estas medidas são tomadas em
função da conjuntura internacional, bem como a nacional, depois de analisados
todos os indicadores macroeconĂłmicos.
Um aspecto que chama atenção tem a ver com as
previsÔes da taxa de inflação para o presente ano ou até ao final do ano, onde
o BNA se mostra mais pessimista em relação ao Governo, pois, o Executivo emite
uma previsĂŁo da taxa inflacionĂĄria na ordem dos 15 por cento, ao
passo que o BNA emite na ordem dos 19 por cento. Entende-se a posição do BNA e
penso ser a mais acertada, olhando para a taxa do Ășltimo ano econĂłmico, bem
como aos factores que tĂȘm influenciado na subida generalizada dos preços, como
Ă© o caso da incapacidade do sector produtivo abastecer o mercado interno, bem
como a imprevisibilidade do prĂłprio mercado internacional.
Vladimir Carlos, Docente em GestĂŁo Financeira
Elevação da taxa de juros båsica pode ser uma medida coerente
Essa pode ser uma medida boa, a subida dessa taxa de
17 para 18 por cento, visto ser uma variĂĄvel que influencia no nĂvel de todas
as outras taxas econĂłmicas.
Sabemos que a maioria dos bancos centrais utiliza a
mesma polĂtica com o objectivo de reduzir a pressĂŁo inflacionĂĄria e manter os
preços eståveis.
Por outro lado, aumentar reservas obrigatĂłrias em
moeda nacional a 20 por cento significa criar condiçÔes de liquidez e diminuir
a necessidade de fundos face aos recursos necessårios, logo hå maior regulação
e maior eficiĂȘncia!
A questĂŁo do aumento do coeficiente para travar a
inflação, pode inibir o crédito, porque existe uma correlação, ou seja, o grau
de relacionamento linear entre as duas variĂĄveis, taxa directora e taxa de
crĂ©dito, que acarretam consigo consequĂȘncias como inibição, inadimplĂȘncia e
crédito malparado. Os empréstimos bancårios ficam mais caros com a subida da
taxa directora.
A queda das exportaçÔes e importaçÔes este ano vai
continuar. Existem variåveis das quais dependem as exportaçÔes e importaçÔes,
que sĂŁo: nĂvel de procura interna, taxa de cĂąmbio, polĂticas comerciais,
recursos naturais, tecnologia e produtividade.
Logo, em relação à importação regista um aumento do
nĂvel de procura, taxa de cĂąmbio alta.
0 ComentĂĄrios