Nas últimas duas décadas, os angolanos ouvem falar, sem cessar, sobre a internacionalização do Corredor do Lobito. Na verdade, o projecto é antigo e data desde o período colonial, em que linhas férreas do CFB eram as mais rentáveis. Apesar dos folclóres da mídia controlada pelo regime, ao longo desses anos, facto porém, é que sua patricidade teima em sair do papel, num ritmo camaleónico.
A designação de Corredor do Lobito deriva de facto o ligar, através da linha férrea que vai do Lobito, província de Benguela, até à cidade de Tenke, na província do Katanga, na República Democrática do Congo (RDC).
O Corredor é sustentado por dois principais activos económicos: o Porto do Lobito e o Caminho-de-ferro de Benguela (CFB). Inclui, ainda, estradas, aeroportos e plataformas logísticas. Em território angolano, o corredor serpentea as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.O CFB, um gigante económico, que ainda está longe de atingir
o maior volume de receitas, foi reconstruído entre 2006 e 2014. A empresa ferro-portuária
liga o Porto do Lobito às áreas mineiras, quer na RDC como na Zâmbia.
Desde meados de 2023, que a gestão do Corredor do Lobito está
sob tutela do consórcio internacional Lobito Atlantic Railway (LAR). Caberá ao
Consórcio investir, nos próximos tempos, cerca de 450 milhões de dólares.
O processo de transferência de competências já começou. O
Porto do Lobito vai assumir, nos próximos dias, o papel de novo Porto Senhorio,
o que significa que, vai deixar de operar os seus terminais e será gerido pelo
novo consórcio.
A medida resulta da concessão de gestão, manutenção e
exploração do terminal polivalente de contentores e carga geral do Porto do
Lobito, adjudicando a concorrente África Global Logístics, SA, num período de
20 anos, como revelou a imprensa, em Outubro do ano passado, o PCA da empresa
portuária, Celso Rosas.
Dados oficiais estimam que o Corredor do Lobito vai gerar
dois mil empregos directos, na fase inicial, "relacionados com todos
aqueles que estarão envolvidos directamente na operação portuária e ferroviária
e os indirectos por via de outros sectores".
O Corredor do Lobito tornou-se menina charmosa e apeticível,
devido o seu posicionamento geo-estratégico, aos olhos dos principais plyayers
da política mundial, mormente: China, Rússia, Estados Unidos da América (EUA),
Inglaterra, bem como Portugal (Mota-Engil, apesar de serem controlada
actualmente por uma empresa chinesa), que demonstrou interesse em pegar uma
fatia do bolo.
A política externa do Presidente da República, João Lourenço,
baralhou as contas aos chineses, por sinal, responsáveis pela reabilitação do
CFB, que perderam o protagonismo, em detrimento dos EUA, motivados por razões
de geopolítica. Facto, porém, com a "multi-parceria", está aberta a
batalha campal para concorrência, inovação dos serviços competitividade
regional no Corredor do Lobito.
O retorno do transporte de mineiros (cobalto e cobre)
aconteceu em Março de 2018, mas de lá pra cá, o movimento deixa muito a
desejar, o ainda torna o CFB e o Porto do Lobito, em autênticos elefantes
brancos, ou seja, os investimentos não são rentáveis.
Os EUA estão focados em apoiar o desenvolvimento do Corredor,
precisamente, na expansão ferroviária, que liga a RDC e a Zâmbia, aos mercados
internacionais, através de Angola. Apesar dos acordos rubricados e o repto
lançado pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, no final do encontro memorável, na
Casa Branca, com PR angolano J'Lo, sobre o apoio do relançamento deste
corredor, a China terá sempre uma palavra à dizer, por ser a
"detentora" de 15 das 19 das industrias mineiras na República
Democrática do Congo.
Portanto, apesar do Corredor do Lobito dispor de plataformas
logísticas, e de um conjunto de infraestruturas socioeconómicas, bem como está
em curso o processo de transferência de competências para o Consórcio, estamos
cépticos que, a partir deste ano, estaremos longe de atingir os resultados
esperados, ou seja, responder aos desafios de alavancar a economia do país e ou
regional, permitir aumentar a base tributária da economia angolana.
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