O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, poderá, de acordo com diferentes observadores, reaproximar o partido à China, cujo relacionamento data desde o período da fundação, em 1966. A possibilidade de aproximação dos ‘maninhos’ a potências económicas alternativas aos Estados Unidos da América é um tema que já vem sendo debatido por diferentes altos quadros da UNITA, embora o partido nunca o tenha admitido publicamente.
O gigante asiático foi o primeiro parceiro estratégico da UNITA, então movimento de libertação Nacional, tendo formado os primeiros quadros do ‘galo negro’ conhecidos como os conjurados, que em 1966, sob liderança de Jonas Savimbi, fundaram a UNITA.
Mas a parceria veio a conhecer uma espécie de ‘congelamento’, dado que os ‘maninhos’ evoluíram para o modelo democrático que o levou a estreitar relações com os Estados Unidos da América (EUA), uma relação que teve o seu apogeu no período da guerra fria.
A ponderação de altos quadros da UNITA em reaproximar o partido à República
Popular da China, a segunda maior economia do mundo, e maior credor do Estado
angolano, resulta do facto de certos históricos da organização não
identificarem ganhos objectivos com os EUA, de quem o ‘galo negro’ diz não
esperar favoritismo, mas como um Estado democrático, uma postura imparcial e
focada na transparência dos processos eleitorais angolanos. Mas as expectativas
dos ‘maninhos’ têm sido goradas.
Não são de hoje as queixas da UNITA sobre fraude eleitoral alegadamente
perpetrada pelo MPLA enquanto partido governante, mas as acusações e/ou
denúncias subiram de tom nos processos eleitorais de 2017 e 2022, sendo que
neste último houve uma atmosfera tensa, que mínima ‘faísca’ desencadearia um
conflito pós-eleitoral.
O ‘galo negro’ fez recurso às instituições como a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Constitucional nas vestes de Tribunal Eleitoral (TC), requerendo, entre outras coisas, a comparação das actas sínteses e os resultados enunciados, e apelou à comunidade internacional que, em nome da democracia e verdade eleitoral, jogasse influência nesse sentido, mas sem sucesso, os EUA felicitaram o Presidente da República pela vitória eleitoral tão logo o TC dera razão à CNE.
Para a UNITA, que durante todo o processo eleitoral ignorou contactos
com Pequim e a sua representação diplomática em Luanda, privilegiando encontros
constantes em Washington e seus representantes na capital angolana, bem como
com a União Europeia, a postura dos EUA foi como uma ‘facada no estômago’.
E de forma inédita, Adalberto Costa Júnior, que realizou na
quinta-feira, 11, cumprimentos de Ano Novo, deu destaque, na sua página
da rede social Facebook, a uma foto em que posa com a delegação da
representação diplomática chinesa. Um evento em que não esteve presente o
embaixador dos EUA em Angola, Tulinabo Muching.
Não é só o destaque que o presidente da UNITA acaba de dar à referida
fotografia que está a gerar imensas interpretações como também o próprio
discurso.
Diferente das declarações típicas dos líderes da UNITA que têm no centro os países ocidentais, Adalberto Costa Júnior alargou a possibilidade de contactos visando acudir Angola da “crise social, económica e política em que se encontra”.
“Nós vamos convidar os países amigos de Angola a ajudar-nos na consolidação
da estabilidade, porque serão também beneficiários dela. Uma Angola com
estabilidade, com velocidade adquirida na rota do desenvolvimento, torna-se um
parceiro ainda mais interessante para todos e certamente com condições de
atrair o investimento estrangeiro, que não apenas sob a forma de linhas de
crédito sustentadas em garantias soberanas, que têm tido um efeito muito
perigoso de contínuo crescimento da dívida pública”, referiu.
Para diferentes observadores, o tempo de se esperar por um parceiro
permanente é “coisa do passado”, e apontam como exemplo a actual realidade
entre o MPLA e Moscovo, e sublinham ser importante que a UNITA esqueça o seu
passado conturbado com a Rússia, este que, com a Cuba, foi o maior aliado do
MPLA à face da terra.
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